Articulação Rosalino Gomes de Povos e Comunidades Tradicionais: Unindo Forças, Plantando Resistência

Conheça a história da Articulação criada a partir da união de sete povos tradicionais do Norte de Minas


Conheça a história da Articulação criada a partir da união de sete povos tradicionais do Norte de Minas


Publicado há 5 anos

A Articulação Rosalino Gomes de Povos e Comunidades Tradicionais se consolida hoje como espaço de articulação e de construção de alianças envolvendo a diversidade tradicional da região do Norte de Minas e Alto Vale do Jequitinhonha. Participam desta articulação os indígenas Xakriabá e Tuxás, comunidades Quilombolas, Geraizeiras, Vazanteiras, Veredeiras, Catingueiras e Apanhadores de Flores. 

Foi durante as Festas de Agosto do ano de 2010, em um evento no Solar dos Sertões, localizado em Montes Claros – MG, que a Articulação Rosalino se constituiu formalmente, com a proposta de abarcar diversas lutas, estratégias conjuntas de enfrentamento entre os diversos povos, que começaram a conversar entre si e perceber que a unificação de luta fortalece a caminhada em busca de direitos e cuidado com os territórios tradicionais. “A Articulação Rosalino reúne todos os povos por uma única luta, assim buscamos fortalecer a luta por território e regularização fundiária”, afirma o geraizeiro, Braulino Caetano Santos. 

A luta pelo território tradicional no Norte de Minas é histórica. Diversas comunidades sentem frequentemente o direito pela terra ameaçado por grandes empreendimentos, como mineradoras e monoculturas, que aos moldes de um modelo desenvolvimentista agride a terra e destrói a biodiversidade. Os Povos e Comunidades Tradicionais também sofrem ameaças por parte do Estado, que deveria assegurar uma vida digna e de qualidade. Entretanto, com propostas de criação de parques de preservação integral, propõe expulsar os PCT’s de seus territórios ancestrais.

A Articulação Rosalino luta na contramão desses processos, unindo forças como a que conseguiu garantir a criação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Nascentes Geraizeiras. “A Articulação Rosalino significa aliança e unificação dos povos, que já demonstrou ser uma aliança forte, pois garantimos em nível federal a criação da RDS-Nascentes Geraizeiras, então é importante fazer alianças no nível do Estado para fortalecer e propiciar novas conquistas”, conta Hilário Correa Franco, indígena Xakriabá.

“Se a gente não tivesse juntado, se a gente não tivesse lutado, muita coisa pra gente não teria acontecido. Foi unindo forças que muitas coisas mudaram pra gente. Unidos, fica mais fácil caminhar e enfrentar as lutas”, afirma Antônia Réis, quilombola da comunidade de Malhada Grande, no quilombo do Gorutuba.

Se reconhecer como povo e como sujeito de direito também é uma das lutas que a Articulação Rosalino vem se propondo a fortalecer. Para Eliad Gisele, jovem quilombola e apanhadora de flor, que compõe a articulação e participa da Comissão em Defesa dos Direitos das Comunidades Extrativistas (Codecex), trocar experiências e unir as lutas anima a busca por conquistas: “Sem a Articulação Rosalino, nem ser reconhecido como quilombola a gente seria, e nem mesmo saberia a situação que a gente se encontra lá”.

Rosalino Gomes: Em memória a um mártire da luta pelos povos

Há cerca de 31 anos, em uma madrugada na aldeia Sapé, o sangue indígena foi mais uma vez derramado. A mando do grileiro de terra Francisco de Assis Amaro, quinze homens invadiram a casa da família do líder Xakriabá, assassinando-o brutalmente pela sua luta pela liberdade e direito do seu povo.

Na ocasião, José Pereira Santana e Manoel Fiúza da Silva também foram assassinados e a esposa de Rosalino, Anizia Nunes de Oliveira, foi ferida com um dos tiros.

Na história as marcas de resistência de um povo lutador. O corpo violado de Rosalino foi arrastado pelo seu filho, José Nunes de Oliveira e as manchas de sangue de 11 de fevereiro de 1987 marcou na história a memória de quem com a vida defendeu o direito ao território tradicional situado em São João das Missões, Norte de Minas Gerais.


Postado por: Comunicação ASA Minas

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