CEBs: construindo uma Igreja solidária


Publicado há 13 anos, 8 meses

6º Encontro Mineiro das Comunidades Eclesiais de Base reúne mil e duzentas pessoas em Montes Claros discutindo Economia e Missão

Lívia Bacelete
Comunicadora popular ASA / Cáritas Regional Minas Gerais


Montes Claros foi exemplo vivo da força e organização das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Dos dias 22 a 25 de julho, a cidade recebeu cerca de mil e duzentas pessoas de todo estado para participar do 6º Encontro Mineiro das CEBs. Com o tema “Economia e Missão” e o lema “Construindo Uma Igreja Solidária”, o encontro recebeu delegados de 29 (arqui)dioceses, urbanos e rurais, integrantes de organizações sociais, indígenas, afrodescendentes, cantores populares, agricultores familiares, representantes de igrejas cristãs e demais religiões, movimentos sociais e outros convidados.

Para Carlos Henrique, de Governador Valadares, o encontro anima as comunidades para a caminhada e conjuga o povo a partilhar vida. “A discussão do tema é importante para que a comunidade amplie seu olhar sobre o que é economia, o que é solidariedade, quais as novas formas de partilha”, acredita.
No 6º Encontro Mineiro das CEBs, as comunidades refletiram sobre cinco eixos temáticos: social, ecológico, econômico, eclesial e político. As reflexões foram feitas a partir da metodologia do ver-julgar-agir-rever e celebrar, que consiste em olhar a realidade em que se vive (ver); julgá-la com os olhos da fé (julgar) e encontrar caminhos de ação à luz da fé (agir). Após a ação, é preciso avaliar, rever o caminho, reconhecer os erros e os acertos. A celebração é o momento de dar graças, celebrar a fé e a vida.

Magda Gonçalves de Melo, de Porto Velho, Rondônia, participou do encontro em Minas Gerais. Ela acredita que este momento foi de fundamental importância para que as comunidades continuem fortalecidas e motivadas. “Nesse encontro, com mais de 1.200 pessoas, deu para sentir a presença viva de Deus. Foi muito forte perceber que as pessoas estão cada vez mais conscientes, se organizando e se preparando”, afirmou.

O trem da CEBs vai passar
O encontro teve início no dia 22 de julho, com uma celebração ecumênica, que seguiu as orientações do Ofício Divino das Comunidades. No segundo e terceiro dias de encontro, foram realizadas plenárias e oficinas a partir dos eixos temáticos.

No dia 23 de julho, as comunidades, juntamente com integrantes das Pastorais da Juventude, realizaram uma marcha pelas principais ruas do centro de Montes Claros em defesa da vida dos jovens. A marcha é uma ação da Campanha Nacional Contra a Violência e o Extermínio de Jovens. Lançada em maio de 2008, a Campanha busca levar à sociedade o debate sobre as várias formas de violência contra a juventude.

O último dia do encontro foi marcado pela leitura da Carta e uma missa campal, com a presença do Arcebispo Metropolitano de Montes Claros, Dom José Alberto Moura e do Bispo da Diocese de Almenara, Dom Frei Hugo Maria Van Steekelenburg.

Leia a Carta e veja a cobertura completa do 6° Encontro Mineiro das Comunidades Eclesiais de Base no endereço: www.peneireifuba.blgospot.com

Animados pela fé

As comunidades vivenciaram a partilha e a solidariedade durante todo o 6º Encontro Mineiro das CEBs. Os alimentos foram, em sua maioria, doados por agricultores e agricultoras familiares, sindicatos de trabalhadores rurais e cooperativas da região. A hospedagem foi solidária, ou seja, os mil e duzentos participantes se hospedaram na casa de famílias das comunidades eclesiais de Montes Claros.

Mais de 200 pessoas estiveram envolvidas na organização do encontro. Elas trabalharam de forma voluntária e se organizaram em 15 equipes de serviço: hospedagem, comunicação, recepção, animação, ornamentação, cozinha, compras, liturgia, transporte, ofícios, saúde, acolhida, infra-estrutura, bem-estar e coordenação.

Raimundo, responsável pela equipe de hospedagem, conta que a missão de sua equipe era acolher na parte mais essencial das pessoas. Ele acredita que o encontro é um ponto de partida para o fortalecimento das Comunidades Eclesiais de Base em Montes Claros. Para Raimundo, as famílias que acolheram agora estão sentindo qual é a espiritualidade e o sentido de tudo isso. “Acolher as pessoas não só porque vieram de fora, mas também as pessoas que estão aqui, os excluídos da própria comunidade”, conclui.

“CEBs: o modo normal de toda a Igreja ser”

A expressão de Dom Pedro Casaldáliga reforça que as questões defendidas pelas Comunidades Eclesiais de Base devem ser assimiladas por toda a Igreja-instituição.

As CEBs são comunidades missionárias e ecumênicas, isto é, abertas ao diferente, aos pobres e excluídos, às diversas culturas e religiões e até mesmo aos que não têm fé, mas trabalham e lutam pela justiça. Na libertação de todo preconceito e discriminação, as CEBs estarão sempre dispostas ao diálogo, na busca de novos caminhos que superem as enormes barreiras e contradições sociais, para construir o Reino de Deus na solidariedade, na justiça, no amor e na paz.

No artigo “Comunidades Eclesiais de Base – CEBs. Um jeito muito antigo de participar com fé, politicamente”, Frei Gilvander Moreira explica que dois aspectos principais dão a certeza do papel insubstituível das CEBs: “a formação cristã fundada em uma fé libertadora e o compromisso com os destinos políticos do país, por meio de uma participação cidadã, capilarizada por toda a sociedade civil”.

Em Minas Gerais, a CEBs está presente nas 29 dioceses e arquidioceses. O primeiro encontro aconteceu em 1980, em Belo Horizonte. Com o tema “Igreja, povo oprimido”, ele serviu de preparação para os próximos encontros e atividades da CEBs no estado. Os mineiros se preparam para o próximo Intereclesial da CEBs, que acontecerá em Juazeiro, no Ceará, de 22 a 27 de julho de 2013. Com o tema “Justiça e profecia a serviço da vida” e o lema “CEBs, romeiras do Reino no campo e na cidade”.

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