FALTA DE CHUVA AMEAÇA O ESTOQUE DO BANCO DE SEMENTES DO CALDEIRÃO


Publicado há 9 anos, 3 meses


Por Giovana Prates- Comunicadora popular Cáritas Diocesana de Araçuaí/ASA

Banco de Sementes
Marli
O “banco de Sementes do Caldeirão” localizado na comunidade Caldeirão, município de Itinga, possui mais de 120 espécies de sementes nativas e crioulas e é uma grande referência para a região do médio e do baixo Jequitinhonha. Porém, essa grande riqueza está com o estoque ameaçado.   É o que explica o agricultor Valteir Antunes,  guardião do banco. Ele conta que em 2014 houve uma grande saída de sementes do estoque do banco para os agricultores fazerem suas plantações, porém a falta de chuva na região entre os meses de dezembro e janeiro  ameaça o retorno dessas sementes para o banco, uma vez que, os agricultores quando produzem, devolvem a quantidade de sementes  que pegaram no banco para assim, plantarem no ano seguinte.

“A minha maior preocupação é que as sementes que irão vingar  não terão boa qualidade, pois devido a falta de chuva muitas delas faltarão massa o suficiente para reproduzirem”, esclarece Valteir.
Maria Geralda
Marli Oliveira é moradora da comunidade e diz que pegou  sementes de feijão catador, milho, gergelim e melancia. Ela conta que apenas o feijão irá produzir, mas os demais estão morrendo. “Meu sentimento é de tristeza, quando vou na roça e vejo abóboras, caxixe  e o milho tudo murcho e eu não poder fazer nada” lamenta a  agricultora.


Dona Júlia
Dona Júlia Gomes é uma das moradoras mais antigas da comunidade e afirma que se chovesse agora em  janeiro ainda salvaria algumas plantas. Ela explica que 80% do feijão plantado  está salvo, porém o milho não irá produzir nada, ou seja, apenas 5%. “A única coisa que deu com abundância aqui foi o maxixe, as espigas de milho foram muito pequenas  devido o mal tempo, mas eu não desanimo, infelizmente não sabemos fazer chuva e essa situação não está em nossas mãos, tenho certeza que lá

Valteir- Guardião do banco 

na frente seremos recompensados, por enquanto o que temos que fazer é esperar”, pontua Dona Júlia.

A agricultora Maria Geraldo Soares fez sua plantação ao redor da Cisterna Calçadão, mas mesmo assim o milho não resistiu ao tempo e o feijão ainda resistirá, pois o feijão  catador e  é propício para a região, e tem uma grande resistência com o clima seco . Ela disse que perdeu quase tudo que plantou e  comenta que sente pena ao ver que em sua casa não produziu nem mesmo o maxixe.” Fico triste de ver tudo se perdendo, mas só Deus sabe o que faz, pelo menos o feijão andu irá produzir” diz ela.

O guardião das Sementes, Valteir Antunes, lamenta e diz que está  muito triste, mas entende a situação  que não depende dos agricultores e agricultoras. Ele ainda tem a esperança e a convicção de que dias melhores virão.


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