Associações, sindicatos, ONG’s, representantes de órgãos governamentais e da sociedade civil se reuniram nos dias 18 e 20 de julho, nas cidades de Araçuaí e Montes Claros, respectivamente, para o lançamento da parceria do Governo de Minas com o Programa Água Para Todos, do Governo Federal. Durante o lançamento no município de Araçuaí, comunitários se manifestaram denunciando a má qualidade da água, que ainda muitas famílias consomem pelo semiárido.

Muitos se manifestaram contrários a algumas estratégias de ação do governo estadual, por exemplo, com a Caravana da Água, onde representantes governamentais visitaram comunidades e anunciaram em meios de comunicação a solução para a seca na região. No entanto, segundo demonstrações de moradores, estratégias de revitalização de rios e de abastecimento de água, então prometidos, ainda continuam no papel gerando descrédito na população.

            O Governo Estadual vem, desta vez, apresentar a sociedade civil uma alternativa já consagrada no semiárido de convivência com semi-árido, em parceria com organizações governamentais e da sociedade civil, inclusive apostando muito na parceria com a ASA Minas.

A Secretaria de Estado Extraordinário para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas (SEVAN) e o Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene) foram responsáveis por apresentar as ações do governo do estado para “convivência com seca”, que tem como objetivo a construção de microbarragens, barragens, sistemas simplificados de abastecimento de água, cisternas de placas e de produção familiar, além da instalação de cisternas de polietileno.

             

Durante o evento, foram apresentadas as cisternas de polietileno como uma das alternativas do governo federal em seu Programa Água Para Todos. No entanto, a ASA – Articulação no Semi-Árido, acredita que esta tecnologia vem na contramão da forma de atuação que tem dado certo no semiárido. Por isso, no fim de 2011, a Articulação lançou a Campanha Cisterna de Plático/PVC – Somos Contra!

A campanha denuncia que a cisterna desmobilizará as comunidades, uma vez que já chega pronta; deixará de gerar renda para a região, pois será construída por uma empresa de fora da região do semiárido, não empregando mão de obra e desaquecendo o comércio local; além de ser uma tecnologia desconhecida, que poderá gerar mais lixo para o meio ambiente, caso as expectativas de durabilidade não se confirmem. Por estes e outros motivos, a ASA acredita que é um retrocesso a implantação de cisternas de plástico/PVC e não comunga com esta opção.

Há 13 anos, a Articulação no Semiárido Mineiro (ASA Minas) vem desenvolvendo ações de convivência com o semiárido, compreendendo os períodos de estiagem como parte da natureza local e adaptando suas ações a estes períodos. A metodologia utilizada é de diagnóstico participativo, fazendo com que a solução seja construída junto aos próprios agricultores. Os resultados podem ser observados na organização comunitária, geração de renda e conscientização local, o que mostra a eficácia da metodologia.

Até 2011 14319 tecnologias de captação de água da chuva (cisterna calçadão, tanque de pedra e barragem subterrânea) já haviam sido construídas pela ASA na região do Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas.

A ASA Minas será parceira do Programa Água para Todos, continuando a desenvolver as tecnologias de captação de água da chuva, as quais já trabalha na região.