I ENCONTRO DE ANIMADORES DO SEMIÁRIDO MINEIRO


Publicado há 10 anos, 6 meses




Priscila Souza – comunicadora popular ASA/ Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais e Kelly Cristina de Aquino  – Comunicadoras da ASA Minas/CAA/NM - Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, Montes Claros/MG


O I Encontro de Animadores/as do Semiárido Mineiro aconteceu 28 e 29 de setembro de 2013, na cidade de Porteirinha, na região de Serra Geral/MG. “Minas ousou este é o primeiro encontro de animadores/as  organizado pela ASA no semiárido brasileiro, a gente esta experimentando e o mineiro será um bom exercício para o encontro que se pretende construir nacionalmente”, afirma Valquíria Lima, coordenadora nacional da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) pelo estado de Minas Gerais.

Moises Dias faz parte do grupo de formação política da ASA Minas explica que “A intenção era que os animadores tivessem a dimensão política do que é a Rede ASA, encontrar seus iguais, construir um sentimento de coletividade e pertença”. Ele ainda afirma que foi surpreendido por perceber como os animadores/as têm muito mais para dar com suas vivências, a quantidade de histórias de como o povo vive, resiste e se organiza diante das dificuldades.

Momentos marcantes

Na primeira mesa, dia (28), utilizando uma dinâmica de arte, os animadores/as apresentaram como percebem o semiárido mineiro. “Percebemos que há dois modelos de desenvolvimento colocado, o da carvoaria, mineração e monocultura de eucalipto. E o da ASA que permite desenvolver a agricultura familiar e povos tradicionais”, diz o animador social José Rodrigues do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas Gerais - CAA/NMG. 


 No debate sobre quem é a ASA, os animadores montaram uma peça de  teatro, expressaram como percebem a rede, a importância do animador, família, coordenador, fornecedor, comissão municipal, associação comunitária, comunicador, organização social membro da ASA que assume a unidade gestora, e como cada um depende do trabalho do outro para transformar o semiárido.

Valquíria Lima da coordenação executiva da ASA facilitou os dois momentos e comenta, “Semiárido é uma construção humana por outro modelo de desenvolvimento e para mim é sempre um novo reencantamento, ver o engajamento de vocês nesta luta”, disse Valquíria Lima.

Assistência Social

Geisiane Soares, assessora do espaço, falou sobre a Política Nacional de Assistência Social (PNAS), bem como, dos serviços de atendimento da política, como CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) e CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) e divulgou os meios de os animadores/as de buscarem mais informações para orientar da melhor forma as famílias que estejam em situação de vulnerabilidade, risco social ou violação de direitos.

Reivindicações

E ao final do evento, foi debatido as práticas sociais do/as animadores/as sociais, o papel, desafio e sugestões. Neste momento o debate se centrou nas principais reivindicações dos animadores que pediram pela melhoria das condições de trabalho, com destaque para os equipamentos de proteção de individual (EPI), melhoria do salário e que a ASA reflita sobre a carga de trabalho com os curtos prazos para pensar os novos termos de parceria. Eles também disseram da necessidade buscar ampliar o projeto para acompanhamento das famílias aos menos três meses depois de finalizada a construção da tecnologia social, a fim de fortalecer a prática de um processo produtivo agroecológico. Refletiram ainda melhorar os cursos de GAPA e SISMA para trabalhar mais sobre os direitos das famílias e agroecologia.


Animadora social: visão feminina no campo.

 “Atuamos agora em um universo que era predominado apenas por homens” é assim que as animadoras sociais que trabalham na execução dos projetos da Articulação Semiárido Brasileiro - ASA, no campo,  definem  o trabalho atualmente também executado por elas.  O coletivo masculino é grande, cerca de 100 animadores e para compor as equipes de trabalho são seis mulheres que atuam no Sindicato dos trabalhadores rurais de Porteirinha, Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica - CAv /turmalina e Instituto Pauline.


“A escolha do gênero é uma questão cultural. Sabemos que o trabalho é pesado, tem inúmeras dificuldades, mas a coragem destas animadoras supera estes desafios. Vejo que o olhar feminino para lidar com as comunidades tende a ser mais amplo, envolvendo as famílias, com sensibilidade e no projeto o papel central das mulheres faz com que o processo de mobiliza seja mais rico”, esclarece a coordenadora executiva da Articulação Semiárido Brasileiro  - ASA, pelo estado de Minas Gerais, Valquíria Lima.  

A coordenadora do P1MC, com atuação no médio Jequitinhonha, na cidade de Araçuai, Cleia Amorim de Araújo está no cargo a 1 ano/5 meses, ela explica que as mulheres enfrentam desafios e preconceitos  quando exercem cargos masculinos. “Sofremos preconceitos de todos os lados - no local de trabalho, por exemplo, tem fornecedor que não negocia com mulheres, até mesmo de colegas de trabalho que colocam em questão a atuação. Sabemos de todos desafios, e vejo em especial, o cargo de animadora é interessante por exemplo, as animadoras conseguem conquistar um espaço maior, dentro da casa da família, ela  é  até convidada a ir para cozinha, a família desabafa com elas e exercem também um papel social que não é feito pelos homens. O projeto tem espaço para os dois gêneros, e as mulheres necessitam de serem tratadas com respeito e sem preconceito”, afirma.

A animadora Edvânia dos Santos, de Turmalina/MG, iniciou no cargo em novembro/2012 e afirma que é um cargo especial. ”Fico feliz, porque muitas pessoas têm a visão de que não vamos dar conta. Fazemos com amor, damos conta sim. Poder lidar com as famílias da zona rural é uma grande oportunidade de aprender e acumular experiências” relata.

 A animadora Edilaura Alves Cordeiro, atua na Chapada do Norte/MG  há 11 meses e afirma que o trabalho é gratificante porque as famílias já estão acostumando com a presença feminina. “Elas nós recebem de uma forma diferente. Elogiam, ouvem e são acolhedoras. Elas sabem que estamos lá para levar benefícios”, pontua.

 “Para mim, a ASA representa melhor qualidade de vida no campo, novas oportunidades para os agricultores, agricultoras e filhos de agricultores de viverem no meio rural com dignidade. Nas comunidades que trabalho, apesar das dificuldades, já consigo perceber a esperança, de produzir sem agrotóxico, sem desmatamento, sem destruir o nosso meio ambiente. Acredito nas mudanças que já começam a surgir, as pessoas do campo são sábias e precisam de incentivo, então, vejo que nós enquanto ASA somos o incentivo, a esperança dos trabalhadores e trabalhadoras rurais que vivem no semiárido”, afirma a animadora social Regiane Patrícia do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha.


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