Quilombo do Gurutuba realiza encontro com Juventude Quilombola. Confiram momentos do encontro e um pouco do batuque quilombola que animou as atividades.
Por Fabiano C. César
A estrada que leva até o Quilombo do Gorutuba é composta de duas paisagens: a primeira é capim, cerca e gado, não se vê ser humano. É uma paisagem vazia, mas cheia de significados; a segunda paisagem que vemos, logo após passar pelas fazendas é de mata nativa. Um tatu passou pela estrada que cortávamos em destino a associação quilombola, vida animal, vegetal e silvestre. Vida.
A paisagem guarda muitas histórias sobre o quilombo do Gorutuba, histórias que não caberiam neste texto, mas podemos destacar brevemente alguns aspectos marcantes. Entre elas, a grilagem de terras, a destruição dos ecossistemas, a opressão aos quilombolas para abandonarem suas terras e o preconceito sobre suas práticas culturais. Tudo isso parece ser cíclico. Repete-se constantemente na história. Contudo, a resistência também o é. Para refletir sobre esse processo contínuo de resistência, a associação quilombola do Gorutuba organizou um encontro da juventude, no dia 09 de julho, na sede da Associação da Comunidade de Taperinha, com o objetivo de discutir identidade quilombola, território e os desafios da Juventude no atual contexto.
O Professor Antropólogo da UFMG, Aderval Costa Filho, convidado do evento, destacou que, “quilombo é lugar de liberdade” e que é fundamental prezar por essa liberdade, para que assim as práticas culturais e a identidade quilombola se fortaleçam frente aos processos de expropriação territorial.
André Alves de Souza, Advogado do CAA/NM, ressaltou que apesar de uma série de dispositivos jurídicos que reconhecem os direitos quilombolas, é fundamental a organização e mobilização social para fazer valer as leis. Para sair do papel e tornar os diretos realidade a mobilização é fundamental, e a juventude tem grande importância nessa movimentação política.
Dernivaldo Fernandes Lima, jovem liderança da comunidade quilombola afirmou que os encontros são momentos fundamentais para provocar a juventude a assumir papeis mais ativos na comunidade, por isso, “buscamos levar informação e inseri-los nas atividades do quilombo”. Segundo Dernivaldo, as ações tem dado ótimo resultado, pois cotidianamente está se vendo a força dos jovens na luta.
Como não poderia ser diferente, o encontro finalizou com muito batuque. O som dos tambores é um significante muito forte para os quilombolas. Bater tambor é celebrar a vida. No atual contexto, a defesa da vida: da mata, dos animais, da agua e consequentemente a vida humana.
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Fabiano Cordeiro César