Reforma agrária no ar é tema do III Módulo da Escola de Comunicação Popular do Semiárido Mineiro


Publicado há 10 anos, 10 meses






Kelly Cristina de Aquino – Comunicadora da ASA Minas/CAA/NM - Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, Montes Claros/MG

Neste módulo, os participantes foram capacitados para o uso do rádio na comunicação popular, além de debaterem a temática “ Concentração de riquezas X reforma Agrária da terra e do ar”.

Realizado entre os dias 14 e 15 de junho, na cidade de Jequitinhonha, o III Módulo da Escola de Comunicadores Populares do Semiárido Mineiro reuniu trinta pessoas entre comunicadores populares e representantes dos Sindicatos dos trabalhadores Rurais articulados ao semiárido. O objetivo do evento é capacitar os comunicadores para atuarem na comunicação popular com melhor entendimento do uso das ferramentas da comunicação, em especial o rádio, a fim de dar voz aos povos do semiárido.

Durante os dois dias de capacitação os participantes refletiram  sobre a história do rádio,  sua importância para a comunicação popular, resgataram o último módulo sobre fotografia e debateram sobre o tema “Concentração de riquezas X reforma Agrária da terra e do ar”. O módulo foi assessorado por Decanor Nunes dos Santos, da Cáritas Baixo Jequitinhonha, que compartilhou com os participantes sua experiência de luta pelo direito a comunicação e pela reforma agrária no ar.

“Identificamos o rádio como o veículo de comunicação de maior importância para o povo do semiárido, devido ter maior alcance. Além de proporcionar informação e formação de opinião, ele é um espaço de compartilhamento de experiências no Semiárido. O uso do rádio é para dar voz aos que não tem voz ”, explica Decanor Nunes dos Santos.

O módulo iniciou com uma reflexão sobre a Reforma Agrária feita pela representante do MST e moradora do assentamento “Terra prometida” Kelly Gomes Soares, sobrevivente do massacre de Felisburgo ocorrido em 20 de Outubro de 2004, no qual cinco agricultores foram brutalmente assassinados e aproximadamente 20 pessoas foram feridas gravemente. Kelly Soares falou detalhes do massacre, se emocionou várias vezes, e após promoveu o debate sobre reforma agrária e a importância da comunicação no rádio.

“Estar aqui é uma experiência que serve de material para trabalhar a comunicação no assentamento. Estamos em processo de divisão das terras entre as famílias por nossa conta. O rádio vai possibilitar reunir estas pessoas, saber comunicar no rádio vai ser importante para estimular os assentados a irem no julgamento de Adriano Chafik Luedy que já foi adiado por várias vezes. Continuamos com esperanças por justiça”, finaliza.

No segundo momento, os participantes criaram micro programa de rádio com temas referentes ao semiárido, como uma forma de exercitar o rádio como instrumento para a comunicação popular. “Achei legal, interessante, pois nunca havia tido aquela experiência de criar um micro programa em conjunto com outros”, analisa Wallecy Vieira de Oliveira, da cidade de Santo Antônio de Jacinto, MG.   

Rádio nos Assentamentos

A fim de conhecer uma experiência prática de reforma agrária no ar, os participantes do III Módulo da Escola de Comunicadores no Semiárido visitaram a rádio Camponesa Jerusalém, no assentamento Jerusalém, próximo à cidade de Rubim/MG, há 80 quilômetros de Jequitinhonha. O assentamento abriga cerca de 80 famílias e a rádio é uma forma de comunicar e interagir com os moradores que moram distantes uns dos outros.

 “A rádio possibilita um melhor alcance para anunciarmos os produtos do assentamento como as atividades coletivas, reuniões, vacinação entre outros. Além de ser um espaço aberto para a participação de todos. A rádio também é uma forma de interação entre as pessoas com a criação de programas e música, que são fundamentais para manter a harmonia entre as famílias. E também serve de companhia para o agricultor. Vejo o rádio como instrumento de união entre as famílias”, analisa um dos assentados que faz o programa na rádio, Edinaldo Pereira Silva.

Para a comunicadora popular da ASA/ Cáritas Araçuai, Giovana Jardim Prates, a experiência de visitar a rádio do assentamento foi gratificante. “Ver tudo de perto, sentir a energia boa desse povo que luta pelos seus direitos é arrepiante. A experiência de poder vivenciar isso de perto nós faz refletir da importância dos meios de comunicação como o rádio", esclarece.

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