Tecnologias de convivência com semiárido, transformando sonhos em realidade


Publicado há 10 anos, 7 meses




 “Alimentar bem era meu sonho, agora posso afirmar que é uma realidade”. Com os olhos cheios de esperança, Dona Lindaura Oliveira e Seu Manoel Ramalho, da comunidade Padre Mário Uzan, município de Itinga descreve a batalha da família e as dificuldades que enfrentaram, ao longo dos anos, para conseguir água para produção de alimentos.
Casados há 21 anos e pais de 03 rapazes (Jarbas, Lucas e José Santos) e 02 moças (Isabel e Marisa) eles contam que a batalha maior sempre foi pela água, sem ela seria impossível plantar e colher,e alimentar                      toda a família.  “Houve um tempo que achei que aqui não daria mais pra sobreviver, só que eu não desisti, fui teimoso e sempre tive a esperança que Deus iria mandar uma solução que mudaria nossas vidas.” relataSr Manoel.
 Ele conta que tudo era muito difícil, pegavam água em uma pequena cacimba a 1km da sua propriedade,   essa água era sagrada, pois além da sua família,  os vizinhos mais próximos também dependiam dela para sobreviver. “íamos a pé mesmo, a água era carregada na cabeça em vasilhames, e servia somente pra beber, cozinhar e tomar banho. Não podíamos ter o luxo de plantar nada, pois se molhássemos uma plantinha faltava água para o consumo da casa. As poucas plantas que possuíamos no quintal como pé de manga e laranja, eram regadas com o resto de água do banho, ou das vasilhas da cozinha”conta dona Lindaura.
Caçimba já em fase final
Com o passar dos anos a água foi secando, e não havia nem para o consumo da casa. Seu Manoel disse que viveu tempos difíceis, mas como quem nunca perdeu a esperança sabia que mais cedo ou mais tarde a solução viria.
Estrada percorrida pela familia de Sr. Manoel e dona Lindaura para pegar água.
Sr Manoel conta que fazia lavouras de milho, feijão e mandioca, mantidas com água das chuvas, só que nem todos os anos elas produziam, tinha ano que a seca castigava e o sol forte matava toda a plantação, acabava perdendo tudo. “Quando isso acontecia era mais difícil ainda, pois quando o ano era bom de colheita fazíamos farinha pra vender, vendíamos feijão e milho, mas quando não dava nada eu ficava muito desanimado e sem saber como fazer pra comprar alimentos para minha família. E permaneci nessa luta por anos, um ano bom de colheita, outro não dava nada.” conta Sr Manoel.
Em 2005, a vida da família mudou.
Segundo Sr Manoel, as coisas começaram a melhorar, quando eles foram contemplados em 2005 com a cisterna de 16 mil litros da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA) através do centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica de Turmalina (CAV), pois eles tinham água na porta de casa, e isso pra ele já era um luxo.
 “Quando ouvi dizer que a Cáritas estava realizando trabalhos de convivência com o semiárido nas comunidades, fui logo querendo saber como funcionava, pois quem sabe  meu sonho poderia ser realizado. Já imaginava meu quintal forrado de alface, cheio de hortaliças e já sentia o cheirinho verde no prato, e via minha família alimentando melhor.”relata  Sr Manoel.
O sonho concretizado
 Em 2011, foram contemplados com uma cisterna de enxurrada, do Programa Uma Terra e duas Águas (P1+2) através da parceria com a Cáritas Diocesana de Araçuaí e a ASA (Articulação do Semiárido Brasileiro). Conta-nos que nem dormia a noite de tanta felicidade, pois estas tecnologias apareceram como a luz no fim do túnel, e finalmente puderam fazer uma plantação, que garantisse alimentos para a família o ano todo, sem correr o risco de faltar água para molhar.
“Hoje tenho um quintal, onde planto tudo que quero, garanto á alimentação da minha família, dos meus vizinhos, alimento meus pequenos animais com os restos que sobram, e só não vendo mais porque às vezes não dá tempo de chegar à cidade, fica tudo no caminho mesmo.” fala Sr Manoel.
Ele afirma que as ações de convivência com o semiárido desenvolvido pela Cáritas e pela ASA, devolveram a esperança para dias melhores. Hoje em dia o casal faz  lavouras e quando não dá pra fazer a colheita,  sabem que têm o quintal que ira garantir para  a família a alimentação que eles precisam.  Sr Manoel diz que sua motivação, vem da fé, somada com todos que não medem esforços para fazer do semiárido um lugar pra se viver, e ter água para plantar e colher: é mesmo que ter um sonho concretizado.

Dona Lindaura na horta, que garante a alimentação da fámilia.




 

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