Agricultores e agricultoras utilizam sabedoria popular para prever período de chuvas


Publicado há 13 anos, 9 meses

Helen Borborema, comunicadora popular ASA/ STR Porteirinha
Quem lida com a terra dia a dia com atenção e respeito ao meio ambiente, vai aprendendo as particularidades da natureza. Mas quem segue e procura aprender esse conhecimento construído por essas pessoas durante muitos anos, tem a graça de utilizar-se da sabedoria da cultura popular. Agricultores e agricultoras sertanejas sabem bem o que é isso, pois são muitas as práticas que são passadas de geração em geração.

Uma delas é a chamada Sorte São João, que auxilia o/a agricultor/a a conhecer como será o tempo das águas na sua região. No Semiárido mineiro, as chuvas começam no final do ano, e terminam no início do ano seguinte. Segundo seu Ildeu José da Costa, da comunidade Morro Grande, município de Riacho dos Machados, é muito importante conhecer como será o tempo de chuva, pois é mais fácil para planejar a preparação da terra e o plantio. Segundo ele, é só prestar atenção na natureza que ela mesma já vai dando as dicas, como na Sorte São João.

No dia de São João, 24 de junho, muitos/as agricultores/as familiares, além de preparar as fogueiras para comemorar as festividades do Santo e agradecer o céu pela safra, prestam atenção no tempo desses dias posteriores que segundo eles, trazem manifestações de como serão as águas desse ano.

De acordo com Umbelina Antunes de Oliveira, mais conhecida como Dona Belinha, da comunidade Tanque, em Porteirinha, o dia 24 de junho representa o mês de outubro, sendo a manhã a primeira quinzena e a tarde a segunda quinzena. E assim sucessivamente: o dia 25 representa novembro, 26, dezembro, 27, janeiro, 28, fevereiro e até 29, dia de São Pedro, que representa o mês de março.

Se na parte da manhã ficar nublado, com calor de chuva, ou com ventos na direção de quando chove, é porque vai chover nessa época. Do mesmo modo na parte da tarde que representa a segunda quinzena do mês. Mas quando abre o sol forte, sem vento correndo, como que se faz quando vai chover, aí é porque na época correspondente vai fazer sol forte.

Normalmente no Semiárido mineiro, chove só entre três e quatro meses no ano, porém, como a chuva acontece de forma espaçada, essa prática pode ser contemplada em qualquer um desses seis meses.

Efeito estufa e mudanças climáticas

Dona Belinha conta que aprendeu essa prática com os antigos, e que sempre dava certo, porém, hoje com o passar dos anos, “parece que o tempo está todo mudado”.

Seu Ildeu acredita que o tempo está diferente e a natureza ficando desequilibrada por causa das mudanças climáticas. “O homem está destruindo muito a mãe natureza e com isso esta mudando o ciclo e o equilíbrio que tinha. Tem muitas coisas que a gente sempre teve sabedoria, e agora não estamos entendendo quase nada”, afirma o agricultor.

Mesmo assim, Seu Ildeu e Dona Belinha acreditam que é importante passar para os costumes dos mais velhos para os mais novos, pois além de valorizarem a sabedoria popular e a cultura, esses conhecimentos podem ajudar na preservação da natureza.

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