Agricultores mineiros e baianos trocam experiência em intercâmbio


Publicado há 13 anos, 8 meses

Tânia Pulier, comunicadora popular ASA / Cáritas Dioc. Araçuaí
Vinte e sete agricultores e agricultoras familiares do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, participaram, entre os dias 5 e 7 de julho do intercâmbio interestadual do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2). Eles foram até a Bahia conhecer a experiência das famílias de duas comunidades de Riachão do Jacuípe, acompanhados por técnicos da Cáritas Diocesana de Araçuaí, gestora do P1+2 no Vale, e da APAEB, entidade que gere o Programa na Região Sisaleira da Bahia.

A primeira visita foi feita à família de Abel e Jacira, na comunidade Mucambo. Eles vivem em uma propriedade de 20 tarefas, o que equivale a aproximadamente 8 hectares e meio, doada em 1996 pelo pai de Abel. O agricultor é presidente da associação comunitária e desenvolve o projeto “Vida do Solo”, de prática e formação em agroecologia. Jacira é professora na comunidade do projeto CAT – Conhecer, Analisar e Transformar –, sob orientação do MOC, e do Baú de Leitura.

A família tem em sua propriedade várias formas de captação de água da chuva para beber e cozinhar e para a produção de alimentos: cisternas para o consumo humano, cisternas-calçadão, barragem subterrânea, tanque trincheira e barraginha.

O plantio diversificado e agroecológico e a criatividade para inventar formas econômicas de irrigação impressionaram os visitantes. Maria José Lopes da Silva, beneficiada do P1+2 na comunidade Cruzinha, em Araçuaí, gostou muito de tudo o que viu junto à família de Abel e Jacira. “É uma propriedade bem cuidada, e por eles sozinhos. Vim aqui e vou levar o exemplo lá para casa”, afirma. “Quando você pensa em trabalhar agroecológico, pensa em manter toda a estrutura da terra, os animais, vegetação. Se você não se sente parte dessa natureza acaba destruindo tudo”, diz Abel.

A agroecologia na família não se manifesta apenas nos plantios. A contribuição de Jacira e Abel no processo de educação do campo também promove a boa convivência com a terra.

No segundo dia, os mineiros visitaram a família de Eduardo e Isabel Cristina, em Barreiros, um povoado industrial cerâmico, onde o casal chama a atenção por optar pela agricultura. “Fui tachado de louco. Larguei um emprego de 900 reais com carteira assinada na indústria para vir arriscar em 36 tarefas de terra nua e crua, mas o meu desafio era mostrar para a comunidade que a agricultura familiar tem solução”, diz Eduardo.

Para Isabel, o trabalho é gratificante: “Além de conviver com este meio ambiente maravilhoso, todos os alimentos naturais que a gente planta e colhe são importantes para a nossa vida”, diz. Os visitantes gostaram de ver a recuperação da caatinga feita pela família. “A maioria desses terrenos aqui já foram mortos. Então tudo para eles está renascendo de novo”, avalia José Lopes de Oliveira, da Comunidade Zabelê, município mineiro de Francisco Badaró.

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