A Educação contextualizada do campo é uma luta dos movimentos sociais que tem adquirido muitos adeptos nos últimos anos, pela importância de uma formação que leve em consideração o contexto local, a cultura e convivência com campo de forma sustentável.
Para isso, O Encontro Mineiro de Educação do Campo (EMEC) surgiu como iniciativa do Programa de Estudos e Pesquisas em Educação do Campo e Sustentabilidade (EduCampo) objetivando reunir, sistematizar, analisar e socializar a produção de pesquisas e práticas desenvolvidas em Minas Gerais.
A organização do evento se constitui com a parceria da Universidade UFMG, de movimentos sociais, sindicais e comunitários, organizações governamentais e não-governamentais, das quais diversas entidades parceiras da ASA fazem parte.
De 13 a 15 de julho aconteceu na Universidade Federal de Minas Geras (UFMG) o II EMEC. O evento teve como objetivos identificar as demandas processos educacionais e escolares, bem como desafios para a pesquisa em educação do campo, além de socializar pesquisas já produzidas, bem como divulgar projetos de pesquisa em andamento e articular grupos que tenham intenção de pesquisa em campos semelhantes para que possam atuar sinergicamente. Tudo isso contribuindo para a criação e consolidação de grupos de pesquisa, núcleos de estudos e linhas de pesquisa sobre a educação e demais questões que envolvem o território do campo.
A Articulação do semiárido foi representada por Valdecir Lopes Viana da Coordenação Estadual da ASA Minas, na mesa “Trajetórias das Instituições, Movimentos Sociais e Sindicais na Educação do Campo em Minas Gerais”. Valdecir fez uma apresentação breve do que é a ASA, focando principalmente nos trabalhos e programas da ASA Minas praticados hoje. Dedicou um tempo maior a explicação do “Projeto Cisterna na Escola” e como a ASA tem utilizado desta cisterna como material paradidático, provocando as escolas a colocarem de forma transversal em seus currículos a convivência com o semiárido.
A Confirmação da Eficácia da Educação do Campo Veio em Forma de Arte
E em seguida, como confirmação de tudo o que ele havia falado o grupo de estudantes da Escola Municipal Olinto Ramalho de Araçuaí, apresentou um teatro que, de forma humorística, se baseando no filme “Zé Carioca e Pato Donald – Aquarela do Brasil” - da Disney fizeram um passeio pelos biomas brasileiros enfocando principalmente nas características do semiárido mineiro.
O teatro mostrou como destaque a importância da convivência com o semiárido, onde as cisternas implantadas nas escolas tem sido um termômetro para que este tema entre na pauta das disciplinas em escolas, assim como a Olinto Ramalho, onde o programa “Cisterna na Escola” chegou, no Vale do Jequitinhonha. Eles fizeram questão de mostrar como se convive com o semiárido, uma vez que mostraram que no nosso país há regiões diferentes com características próprias e não melhores ou piores. O grupo foi descoberto pela ASA durante um curso de Gerenciamento de Recursos Hídricos (GRH) ministrado por Cléa Amorim como parte da implantação do programa “Cisterna na Escola” naquela escola.
A professora Regina, que incentivou a criação do teatro inicialmente como forma de seus alunos aprenderem sobre os diferentes biomas, percebeu que o ludismo é uma forma importante e eficaz de ensinar. “Eles prestam mais atenção e se sentem especiais por construírem este trabalho, e mais ainda por serem reconhecidos”, diz ela. Além disso, na composição do teatro os alunos reconhecem a importância e o valor da região onde moram e se mostram orgulhosos por isso.
Cada vez mais pessoas, assim como Regina, descobrem que a educação do campo não é feita apenas com livros, mas principalmente com identificação cultural, arte e contextualização e aplicação das práticas de aprendizado.