Combate ao agrotóxico em foco: CAV capacita agricultores (as) em produção de defensivos alternativos
Publicado há 12 anos, 1 mês
Por Clebson Souza e Fabiana Eugênio
CAV - Turmalina
Com o objetivo de conscientizar agricultores (as) familiares quanto aos riscos do uso de agrotóxicos e apresentar alternativas sustentáveis para produção de alimentos, o Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica (CAV) realizou 04 cursos no mês de setembro sobre a produção e uso de defensivos alternativos. As capacitações aconteceram em Veredinha (MG) nas comunidades rurais de Monte Alegre, Pontezinha, Macaúbas e Gameleira e contaram com a participação de aproximadamente 60 agricultores (as).
A conscientização sobre os perigos do uso de agrotóxicos focou a realidade local de cada comunidade. Por meio de trabalhos em grupos os agricultores (as) fizeram uma análise de como evoluiu a agricultura nos últimos 40 anos na região. Foi evidenciada a diminuição das queimadas e uma maior variedade da produção, mas também o aumento da degradação das terras, as monoculturas, o surgimento de pragas e uma maior incidência do uso de agrotóxicos.
Para que pudessem compreender este contexto de modo mais amplo, os técnicos apresentaram um resgate histórico da agricultura nos processos evolutivos da humanidade e a influência do sistema capitalista nas mudanças de práticas, inclusive sobre o estímulo ao uso de venenos nas plantações através do pacote tecnológico da Revolução Verde.
Foram demonstradas às famílias as diferentes classificações e a regulamentação do uso de agrotóxicos no Brasil, destacando os altos índices de utilização, já que o país é o maior consumidor de venenos do mundo, com mais de um bilhão de litros por ano. Refletiu-se também sobre os diferentes impactos deste uso sob os aspectos ambientais, econômicos e, sobretudo, na saúde da população, com ênfase sobre a realidade no Vale do Jequitinhonha, cujo enfoque foi a produção de alimentos e a utilização dos produtos químicos na monocultura de eucalipto. O momento foi enriquecido com trechos do vídeo “O veneno está na mesa” que contribuiu para fomentar a discussão.
As alternativas
Através de vídeos, exposições e debates a agroecologia foi mostrada como um meio de produzir alimentos em quantidade e qualidade, sem o uso de venenos, além de garantir a sustentabilidade do meio ambiente.
Os cursos contaram com a realização de experiências práticas. Várias demonstrações foram realizadas por meio do preparo de caldas como a de sabão, o macerado de fumo, calda bordalesa, dessecante de repolho e calda de alho e cebola. Além destas, trabalhou-se também o consórcio entre plantas, destacando práticas como o plantio do cravo de defunto (crisântemo) ao redor da horta e junto aos canteiros e da cebolinha ao lado dos tomateiros. Todas estas práticas basearam-se no incentivo ao controle biológico e agroecológico de pragas e doenças que atacam as lavouras, principalmente em hortaliças e frutíferas. Além dos agricultores (as) ajudarem na preparação destes defensivos alternativos, em alguns casos, eles presenciaram a demonstração da pulverização dos mesmos de maneira correta em plantações próximas ao local onde o curso foi realizado. Todas estas receitas foram repassadas também aos participantes por meio de cartilhas detalhando o passo a passo de cada preparo.
Um dos destaques dos cursos foi a interação das famílias com o tema, o que fez dos momentos uma grande troca de experiências. Foram muitas as perguntas que surgiram, assim como as diversas informações sobre receitas de defensivos naturais que os próprios agricultores (as) já utilizam no dia a dia, para além daquelas trabalhadas nos cursos.
Os agricultores (as) avaliaram os eventos de forma bastante positiva, destacando a importância do tema tratado e os conhecimentos adquiridos, fazendo o compromisso de colocá-los em prática e repassá-los aos demais moradores das comunidades.
Por meio de um texto que trata da contaminação do homem pela ambição, a maldade e o egoísmo, o CAV buscou sensibilizar as famílias para o não uso de agrotóxicos, o que vai além de uma mudança de práticas, mas uma mudança de conceitos e objetivos sobre a vida humana em “comum-unidade” no planeta Terra.
O agrotóxico em foco
Para o ano de 2012 o CAV elegeu a conscientização contra o uso de agrotóxicos como tema a ser trabalhado de forma transversal em todos os seus programas de trabalho. Além destes cursos, foram promovidos seminários sobre a temática, teatros, oficinas, palestras, além da participação da instituição no Comitê Regional da “Campanha Contra o Uso de Agrotóxicos e Pela Vida” no Vale do Jequitinhonha.