Comunidades Tradicionais e Movimentos Retomam Território em Rio Pardo de Minas


Publicado há 14 anos, 11 meses

Nesta madrugada, do dia 3 de dezembro, mais de 70 famílias de varias comunidades geraiseiras da Região do Alto Rio Pardo (Norte de Minas), juntamente com os Movimentos da Via Campesina, retomaram parte do seu território, terras do Estado, tomadas por empresas de monocultivo de eucalipto. A ocupação está sendo realizada em uma área de 3.600 ha da empresa REPLASA. Essas famílias, expropriadas pelas empresas na década de 70 e 80, lutam pela retomada de seu território e exigem a retirada da referida empresa de suas áreas e a regularização das terras para uso das comunidades. Para isso elas exigem ação imediata do ITER e do INCRA,que vêm tratando com morosidade e descaso as questões relacionadas às comunidades rurais. As comunidades, através da sua luta, estão revitalizando suas terras de morada, recuperando nascentes e terras destruídas pelas empresas;Trazendo seus filhos de volta do corte da cana em São Paulo, da colheita do café no Sul de Minas, das periferias das grandes cidades, para projetos produtivos que convivem com o bioma Cerrado, produzindo alimento em equilíbrio com o meio ambiente.

Contexto
O Rio Pardo de Minas, norte de Minas Gerais, foi durante a década de 1970, período da ditadura militar no Brasil,alvo da expropriação de terras por parte de empresas transnacionais e nacionais de plantio de monocultura de espécies exóticas, como eucalipto. Tais empresas subsidiadas pelo Estado,expulsaram centenas de famílias das terras devolutas para se instalarem na região. O uso da terras devolutas no estado estão no centro de um conflito que envolve comunidades rurais, empresas reflorestadoras de eucalipto e o Estado. As empresas arrendaram as terras devolutas por preço insignificantes. Esses arrendamentos foram realizados num período em que não havia limite para alienação de propriedades públicas e os contratos começaram a vencer a partir de 2003,mas por pressão das reflorestadoras e siderúrgicas, o governo de minas vem renovando-os com as empresas.
As conseqüências da invasão e do avanço de empresas como a Floresta Minas, Replasa Rio Dourado e Rui Macedo Sapuriti na região foi e é catastrófica, pois não foi considerado por parte do Estado que as áreas já eram historicamente habitadas por famílias que utilizavam das plantas do cerrado, das chapadas e de formas coletivas para organizarem suas formas de produção e reprodução neste território. Atualmente várias família das comunidades rurais frente ao descaso do poder executivo e legislativo vem se organizado juntamente com os movimentos sociais do campo -Via Campesina Brasil para a retomada legítima do território. A luta dessas comunidades tem significado para os camponeses, geraizeiros e agricultores que a justiça tem os olhos e ouvidos fechados para o povo. Mas que através da organização e luta é possível construir uma nova forma de exercer poder popular e que este sim está em favor e em prol da defesa pelo território e da vida!

Release enviado pela Via Campesina

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