DO SERTÃO DE MINAS PARA O BRASIL: NÃO À BELO MONTE!
Publicado há 13 anos, 9 meses
Helen Santa Rosa - Comunicação CAA-NM
Esta foi a posição dos representantes dos movimentos sociais que organizaram um protesto na praça Dr. Carlos em Montes Claros. Eles manifestaram apoio aos Povos do Xingu – indígenas, ribeirinhos e atingidos por barragens – que vem lutando contra a instalação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. A região Norte de Minas prestou esta solidariedade através de lideranças de comunidades tradicionais, de entidades ambientalistas, sindicais, pastorais, estudantis, eclesiais e de luta pela terra.
Braulino Caetano dos Santos, coordenador da Rede Cerrado, já visitou o território indígena do Xingu: “Eles mantém a tradição de seus ancestrais. Quando nasce uma criança, eles plantam 50 pés de pequi, pra que aquela criança tenha o que comer quando crescer. Lá têm uma das maiores reservas ambientais do Brasil” relata Braulino, que ainda denuncia a ação do sistema capitalista nos territórios dos povos tradicionais.
“Todas as comunidades tradicionais tem sofrido a ação do capitalismo selvagem. Aqui no Norte de Minas as comunidades geraizeiras, que vivem na região da Serra do Espinhaço, no Alto Rio Pardo, enfrentam um problema parecido: são encurralados pela monocultura do eucalipto, e agora pela mineração que pode destruir o que resta de suas águas. Temos também os quilombolas encurralados pelo gado, os vazanteiros expulsos de suas terras para a criação de parques, os índios Xakriabá com a ameaça de uma rodovia em seu território tradicional, e por aí vai. Ao redor de Montes Claros tem as cascalheiras, que ameaçam as três nascentes que abastecem a cidade”, relata Braulino.
Para Bruno Diogo, do MST, é preciso explicitar o modelo de desenvolvimento que queremos. “É o momento de dizermos um basta à ação do agronegócio, à degradação ambiental, a expulsão dos povos e comunidades de seus territórios tradicionais. Queremos um desenvolvimento que respeite o meio ambiente, que leve em conta a sustentabilidade” reforça.
Aliança campo e cidade Representantes dos movimentos estudantis e eclesiais também participaram do Ato. Flávia Almeida, representante do Conselho Diocesano de Leigos, salientou que estamos unidos entorno de uma mesma bandeira de luta. “ Estamos a favor da vida, contra a morte. Esse modelo gera a morte das pessoas, da natureza, fere os princípios da dignidade humana”, relata. O ato público foi convocado pela Rede Cerrado e CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) e contou com o apoio e a solidariedade de estudantes, professores, e sindicato de trabalhadores. Participaram também representantes do CAA/NM, do MST, Assembléia Popular, da ASA (Articulação no Semiárido Mineiro), MAB, MPA, Conselho Diocesano de Leigos, Pastoral do Menor, FEAB, dentre outros movimentos populares.