Encontro Mineiro de Gestão de Águas para Beber e Produzir


Publicado há 13 anos, 1 mês


Construindo boas práticas de convivência com o Semiárido
Myrlene Pereira - comunicadora popular da ASA
Araçuaí - MG
05/10/2011

Propriedade do agricultor Crispim Vieira foi visitada durante o encontro. | Foto: Myrlene Pereira
Representantes de 17 municípios do Semiárido mineiro, entre eles técnicos e agricultores das 8 microrregiões do Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha, se reuniram durante os dias 29 e 30 de setembro, na cidade de Turmalina, durante o Encontro Estadual de Gestão de Água para Beber e Produzir.

Após a contextualização sobre os princípios da Articulação no Semi-Árido (ASA) para convivência com o Semiárido o grupo fez considerações sobre a eficiência dos programas que a Articulação tem implementado como estratégia de mobilização e transformação social. Além das tecnologias de captação de água da chuva, foram levantadas as possibilidades de a ASA executar novas tecnologias como barraginhas, cisternas de enxurrada, bancos de sementes e viveiros de mudas, uma vez que muitas destas tecnologias já são trabalhadas por unidades gestoras dos programas da ASA e de outras organizações parceiras.

Foram feitas visitas de intercâmbio para ilustrar as tecnologias apresentadas. Uma destas visitas foi na propriedade de Dona Raimunda Santana e Seu Teotônio Borges Santana, na comunidade Alto Lourenço, a quatro quilômetros de Turmalina, onde os visitantes puderam conhecer as cisternas de 16 e 52 mil litros. Os visitantes conheceram também o canteiro econômico e seus benefícios. Em plena seca, o canteiro estava verde e a cisterna ainda estava com um bom volume de água.

A outra visita foi na terra de Crispim Vieira, na comunidade Gameleira, município de Veredinha. Lá, foi possível perceber a evolução na tecnologia da cisterna de placas de 16 mil litros. O reservatório visitado foi uma das primeiras cisternas implantadas pela ASA, seu modelo fica todo por cima da terra, diferentemente da cisterna encontrada na casa de Dona Raimunda, que foi construído mais recentemente.

Outra surpresa para todos foi conhecer a barragem construída na propriedade da família. Ao contrário do que se pensava, a tecnologia não foi cara e, como a água infiltra mais facilmente na terra, possibilita irrigação natural para a grande produção de cana, milho, feijão e outras culturas.

A barragem ainda serve de habitat para três espécies de peixes que alimentam a família de seu Crispim, além de fornecer água para as famílias que moram mais abaixo e para a manutenção de nascentes e árvores nativas. A tecnologia tem apresentado resultados satisfatórios para a agricultura familiar.

No segundo dia do Encontro, houve uma avaliação de como vem sendo feita a gestão das águas, tanto captadas nas tecnologias, quanto as demais fontes destacadas, como nascentes e lagoas. Os participantes foram divididos em grupos que avaliaram entre outras coisas, como tem sido a atuação da ASA e o que a Articulação e a sociedade podem fazer para melhorar essa gestão.

A proposta foi a de ampliar a formação das comissões executivas municipais, bem como incluir agentes de saúde neste processo, tornando-os agentes formadores nos municípios. Além disso, foi citado que é preciso aproveitar melhor os instrumentos de comunicação já existentes, e buscar outros que possibilitem a conscientização e a informação.

Também se avaliou a necessidade de investir nos momentos de intercâmbio e cursos como o de Gestão de Recursos Hídricos (GRH), de Gestão da Água para a Produção de Alimentos (GAPA) e de Sistema Simplificado, para formação técnica e política da população, principalmente a rural. Foi levantada uma proposta de testar a realização dos cursos em módulos, para que possa haver uma formação contínua, avaliativa e propositiva. Espera-se também que sejam feitos monitoramentos da qualidade da água também de forma continuada.

Todas as propostas e o conhecimento retirados deste momento servirão para o aprimoramento da Articulação do Semi-Árido para a elaboração dos próximos termos de parceria, principalmente no que tange o desenvolvimento de tecnologias e mobilização social. Esta é uma marca registrada e diferencial da ASA: a luta pela convivência com o Semiárido e preservação ambiental através da mobilização e do empoderamento do seu povo.

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