Por Diêgo Alves e Giovana Jardim Prates (Comunicadores Populares - Cáritas Diocesana de Araçuaí)
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Momento inicial e acolhida dos/as participantes |
A manhã da última quarta-feira (17/09) começou bem animada e espiritualizada na Cáritas Diocesana de Araçuaí em função do Encontro Territorial do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) que é uma das ações do Programa de Formação e Mobilização Social para Convivência com o Semiárido da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), com financiamento da Petrobrás.
O Encontro teve como principal objetivo trocar experiências em relação ao Caráter Produtivo (aquisição de mudas e sementes para produção, bem como acompanhamento técnico sistemático), acompanhado pelo animador social Evirênio Alves Amaral, responsável por monitorar e analisar o cuidado com as tecnologias sociais.
O Encontro contou com a participação de mais de 70 agricultoras e agricultores das comunidades de Varginha, Tesouras do Meio, Tesoura de Cima, Passagem Goiaba, Córrego da Velha de Baixo e Córrego da Velha do Meio. A passagem bíblica da Parábola do Semeador foi leitura motivadora de reflexões e ponto de partida do Encontro.
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Momento dos grupos levantarem desafios e avanços |
Ouvir as famílias, suas demandas e as suas contribuições são uma forma de garantir de forma democrática a participação popular no processo de tomadas de decisões e na formação para a convivência com o Semiárido, uma vez que são as famílias sertanejas a razão maior das ações da ASA.
Para Evirênio o Encontro representou a troca de experiências entre os agricultores e agricultoras e o levantamentos de dados em relação ao estado de conservação das tecnologias construídas pelo P1+2 . “As famílias demonstram que querem dar continuidade ao processo de produção desenvolvido pela Cáritas com a perspectiva de ter uma alimentação saudável e uma possível geração de renda com desenvolvimento sustentável”diz Evirênio.
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Dona Floriza (comunidade Tesouras do Meio) |
Dona Floriza de Oliveira Gomes da Comunidade Tesouras do Meio, conta que participar do Encontro foi uma forma que ela teve de valorizar tudo que recebeu através das ações do P1+2 em sua comunidade. “Esse programa é muito bom e tem feito maravilhas pra nós aqui da roça porque está trazendo água pra nós. Água é vida.” Dona Floriza diz orgulhosa que participou de todas as etapas das construções das tecnologias sociais em Tesouras do Meio: “Trabalhei cozinhando, fazendo massa, carregando placa, de tudo um pouquinho. E trabalhava mais se fosse preciso, porque isso é uma benção que chegou pra nós”.
A plenária, animada com canções populares foi dividida em grupos para debaterem os desafios e avanços do Programa até o atual momento.
Avaliando de forma positiva, Seu Clarindo Pinheiro de Souza da Comunidade Tesouras de Cima, diz que agora poderá fazer sua tão sonhada hortinha e que isso vai melhorar a alimentação dele e de sua família. Ele diz ainda que por mais de 10 anos andou longas distâncias para buscar água, muitas vezes dependendo da solidariedade das famílias vizinhas, mas que agora pode dizer feliz que tem água pra beber e produzir. “Olha meu filho apesar do problema que eu tenho nesse meu joelho eu peguei firme do princípio ao fim no trabalho de mutirão só pra poder dizer, tenho água. Água é vida, mata a sede, ela é nossa sobrevivência.”
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Senhor Clarindo (Comunidade Tesouras de Cima |
E solidariedade foi a palavra de ordem para seu Clarindo e dona Floriza que contaram que não tiveram nenhuma dificuldade em envolver as famílias beneficiadas nos mutirões. “Trabalho de mutirão é uma constância na minha comunidade, sempre que precisa as famílias se reúnem seja pra ajudar quem precisa, seja pra fazer festividades. Todo mundo ajuda”, diz seu Clarindo.
Dona Floriza lembra que era uma festa estar com as famílias, pois estava garantindo um bem comum pra sua comunidade.
Por fim, ela avalia que agora o Programa precisa atingir mais famílias: “quanto mais gente tiver água, melhor, nossa região é bela, a terra é boa, é rica e com mais cisterna vai ficar ainda melhor.”