Para facilitar a fiscalização dessa área, foi eleito um conselho comunitário com representantes de comunidades rurais e entidades com foco ambiental. Os conselheiros se tornaram curadores, ou seja, responsáveis por todas as decisões ambientais ligadas à Área. Para conhecerem e se aproximarem das comunidades eles passaram a realizar mensalmente reuniões nas próprias comunidades de maneira itinerante no território da Área de Preservação.
Assim, o conselho tem conseguido monitorar de perto as atividades depredadoras que a APA vem sofrendo. Ele recebe e apura diversas denúncias de uso irregular da terra como queimadas, desmatamentos e o avanço significativo da grande monocultura do eucalipto e da criação extensiva de gado e realiza intervenções junto aos órgãos competentes.
A ASA, enquanto rede tem um papel importante junto à APA, pois é quem incentiva e promove o debate político em torno da temática de preservação. Entidades como a Cáritas Diocesana de Araçuaí, Visão Mundial e o Sindicato dos Trabalhadores representam a ASA no Conselho Gestor.
Além disso, essas entidades ajudam a disseminar a importância da APA, não só para quem vive diretamente na área protegida, mas para todo o planeta, uma vez que ela funciona como caixa d’água natural, sendo fonte para as nascentes da parte mais baixa da cidade, além de viveiro para diversas espécies da fauna e da flora nativas, atrávés de cursos, seminários e palestras.
Com esse trabalho o povo tem percebido que ter uma vida saudável e digna no campo só depende deles mesmos e de cada um de nós, pois todos nós dependemos diretamente do meio ambiente. Segundo Seu Antônio, presidente do Conselho Gestor da APA do Lagoão, “já deu pra perceber muita mudança nas comunidades depois das reuniões e apurações do conselho”. Para ele “as pessoas já não queimam mais a palhada, por exemplo, usam elas para forrar a terra, o que ajuda a evitar o assoreamento”. Aos poucos, as comunidades vão tomando consciência e vão mudando a forma de trabalhar com a terra conforme vão conhecendo e participando do trabalho de preservação. De acordo com seu Antônio, “o processo é lento mesmo, mas o resultado do nosso trabalho de agora vai ficar para as nossas próximas gerações”.