Por Fabiana Eugênio, Comunicação / CAV
De 15 a 17 de Julho, o Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica (CAV) esteve recebendo cerca de 60 agricultores (as) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de várias regiões do Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas Gerais. A visita teve o objetivo não só de realizar um intercâmbio entre agricultores (as), mas também de que os mesmos pudessem conhecer as experiências das unidades familiares de beneficiamento de cana-de-açúcar e mandioca, de produtores da região. “Queremos que essas pessoas assentadas e acampadas que aqui vieram possam aprender e trocar experiências e, principalmente, que possam visualizar as conquistas que o CAV conseguiu trazer para as famílias da região, de forma a elevar o nível de seus sonhos, do ponto de vista da produção” afirma Chumbinho, que acompanhou a visita pela AESCA (Associação Estadual de Cooperação Agrícola).
Os visitantes são provenientes de famílias acampadas e assentadas pelo MST de vários municípios do Estado e que estão buscando o aperfeiçoamento e a implementação de novos métodos organizativos de produção nas suas regiões, como por exemplo, o trabalho com as agroindústrias rurais. “Eles estão passando por um processo de preparação para o início de uma produção mais complexa, que não seja simplesmente produzir aquele bem bruto, mas que tem o sonho de beneficiar e poder agregar valor e, consequentemente, colocar esse produto no mercado” diz Chumbinho.
O intercâmbio
Os visitantes, divididos em grupos, foram a campo conhecer as unidades de beneficiamento de cana-de-açúcar e de mandioca, compreendidas em comunidades rurais dos municípios de Turmalina e Veredinha (MG). Cada grupo visitou duas experiências, tendo um deles oportunidade de visitar o entreposto que está sendo implementado no município de Turmalina para exportação de mel.
Em todos os empreendimentos, os agricultores e técnicos visitantes puderam visualizar agroindústrias de diferentes portes e estruturas, estando algumas delas em plena atividade durante a visita, como no caso da produção do açúcar mascavo. Tiveram a chance de conhecer as diversas técnicas de produção, a utilização dos maquinários e ainda tirar dúvidas e trocar muitas informações diretamente com os agricultores (as) das unidades, que recepcionaram os grupos. Ao final das visitas, cada grupo fez a socialização com os demais, de forma que todos e todas puderam compartilhar um pouco das experiências conhecidas.
O grupo conheceu ainda as tecnologias desenvolvidas no Centro de Formação e Experimentação do CAV, onde os visitantes ficaram instalados. No Centro, são desenvolvidas diversas experiências de agroecologia, criação animal, beneficiamento de produtos, entre outros, como uma forma de enriquecer o intercâmbio.
A Feira Livre de Turmalina também foi visitada na manhã do sábado. Todos e todas ficaram conhecendo a feira que acontece toda terça e sábado no mercado municipal, como sendo um importante espaço cultural dos agricultores familiares na realização das trocas de informações, saberes, sabores, e também de geração de renda.
Após a visita à feira livre, o grupo pôde se reunir com agricultores (as) feirantes no salão do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, onde foi apresentada a experiência de organização comunitária que vem sendo desenvolvida com o apoio do CAV, que culminou na criação da Associação dos Agricultores Familiares Feirantes de Turmalina (AFTUR). “Isso aqui está sendo uma verdadeira universidade” relata Jorge, assentado no município de Felisburgo, no Baixo Vale do Jequitinhonha, ao final da reunião.