Intercâmbio Interestadual do Norte de Minas Gerais


Publicado há 11 anos, 3 meses



Por Priscila Souza, comunicadora popular ASA Minas/ Cáritas

A Articulação do Semiárido Mineiro (ASA Minas) realizou um Intercâmbio Interestadual e assim cerca de 40 agricultores e agricultoras do norte de Minas Gerais andaram mais de 900 quilômetros para conhecer as experiências de organização da Central das Associações dos pequenos produtores rurais de Mantenopólis no estado do Espírito Santo.

O Intercâmbio Interestadual da Articulação do Semiárido Mineiro (ASA Minas) tem o objetivo de promover um momento de troca de conhecimento que incentive o desenvolvimento sustentável do semiárido mineiro.
Valmir Lopes de      Queiroz Coordenador do P1+2 (Programa Uma Terra e Duas Águas) em Januária/MG, diz que a ideia do intercambio é levar agricultores (as) para conhecer experiências que venham a promover tanto a melhoria do sistema produtivo quanto a forma de organização das comunidades. O intercambio é uma metodologia que acreditamos capacitar agricultores (as) pelos próprios agricultores, uma vez que as experiências visitadas são apresentadas por agricultores familiares. Isso incentiva e motiva os nossos agricultores a melhorar e crescer cada vez mais.

Uma Central diferente, pela vida no campo
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha conta que escolheu visitar a Central das Associações dos produtores rurais de Mantenópolis por conta da forma de organização integrada entre a prefeita, a secretaria de agricultura, as organizações dos agricultores, as associações, os sindicatos, todos os órgão e organizações do campo em uma mesmo escritório para agilizar, organizar e promover o desenvolvimento do campo. Elton conta, que o agricultor vai a esta central e sai com todas as documentações, como por exemplo, a DAP (Declaração de Aptidão) e com orientações sobre o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) além de feiras e instituições públicas de municípios vizinhos.
Gerson presidente da Associação dos pequenos produtores de São José II explica que com a atual prefeitura esta parceria foi rompida, mas que a organização dos agricultores/as em uma única central do município continua articulada e em busca de seminários, encontros e condições de comercialização dos produtos rurais.
A principal fonte de renda do município de Mantenópolis era produção de café e leite, mas com a chegada de Frei Onório que incentivou a organização dos agricultores e a conscientização para diversificar a produção com alimentos mais saudáveis melhorando a vida dos agricultores e dos clientes gerando saúde, renda e desenvolvimento no município.
Cultivos considerados impossíveis de crescer nas terras da região como a uva, através da busca de capacitação por meio das associações fez com que todos os pequenos produtores de Mantenópolis tenham uma parreira em casa, não só isso, mais de uma variedade passou a ser incorporada na alimentação, folhas, cheiro verde, inhame, uva, pêssego, maçã e mais de 35 variedades de produtos orgânicos.
Esta mudança para aumentar a produção e ainda conseguir a comercialização destes produtos se deu através da iniciativa de organização dos agricultores em uma Central que unificou todas as associações rurais e assim conseguir forças para apoiar e trazer o desenvolvimento agrícola.

Organização, geração de conhecimento e atitude transforma a agricultura familiar



Os participantes do intercâmbio conheceram no primeiro dia (18) a propriedade de seu Alair e a fruticultura e também da família do jovem Sávio de 17 anos que possuem horta agroecológica, todos conseguem uma renda de mais de 2500 por mês com a venda da produção orgânica.
Na propriedade de seu Alair conhecemos a produção de mais de 32 qualidades de frutas livre de agrotóxico. Ele conta que depois que sofreu um infarto na cidade resolveu ir para o campo e se alimentar apenas de alimentos saudáveis e prometeu a Deus nunca usar nenhum veneno. E assim ele e mais 11 agricultores fundaram a Associação dos agricultores agroecológicos de Mantenópolis e receberam do Ministério de Agricultora o selo de produtores orgânicos, ali os agricultores/as do norte de Minas Gerais saíram com o sabor na boca das uvas orgânicas de seu Alair que sozinhas rendem 2.500 reais por ano através da venda para o Programa de Aquisição de Alimentos(PAA), sem contar a venda das outras frutas.
Outra experiência visita é da ex- presidente Silvani, que recebeu os mineiros e contou a história foi seu filho Sávio de 17 anos que conquistou a todos com a sua determinação e consciência administrativa da produção, ele conta como foram aos poucos entendendo que a hortaliça vendida na feira gerava mais recursos do que a produção única de café. Ele explica que faz uma rotação e que cada espaço tem o que produzir e quando produzir, a hortaliça garante um entrada por mês de mais de 2 mil reais e o café é um investimento de longo prazo de onde retiram o recurso para o maquinário. Hoje possuem frutas, peixes, abelhas, tudo garante a diversidade primeiro da alimentação das famílias e o excedente entra na venda da feira e dos programas de comercialização dos produtos orgânicos como o PAA.
No segundo dia (19) conheceram a propriedade de Frei Onório que pretende seu uma unidade pedagógica e de formação onde ele demonstra que a possível produzir com diversidade alimentar, ganhar um bom dinheiro e ser saudável.
Frei Onório fala que usar agrotóxico foi uma ideologia que construíram para ganhar dinheiro do agricultor, que antes sempre se produziu muito sem veneno. 
“É preciso acordar para os benefícios da agricultura familiar, os donos do agronegócio não moram aqui, não investem o dinheiro que ganham no estado, o recurso que o estado destina a um fazendeiro pode ajudar mais de 200 famílias da agricultura familiar que moram na cidade, vendem alimentos saudáveis, melhoram a saúde da população e aumentam a participação de todos na economia local ” fala Frei Onório.
Por fim, na tarde do último dia do intercambio de conhecimentos e experiências os agricultores/as visitaram a propriedade do presidente da Central de produtores rurais de Mantenópolis, Nelci e sua mulher Ediane membro da associação de mulheres e técnica que elabora os projetos de PAA e PNAE. Eles possuem a fruticultura, galinhas caipiras e uma unidade de plantas medicinais de onde ele produz remédios fitoterápicos e ainda uma agroindústria de confecção de pães doces e roscas.
Todos saíram de lá muito entusiasmados carregando cada um a muda da possibilidade de ter o ano inteiro as frutas no seu quintal, através da organização que traga a soluções para conviver com o semiárido.

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