Por Myrlene Pereira Comunicadora Popular Cáritas Diocesana de Araçuaí/ASA-Minas
As feiras livres são importantes espaços de consolidação da soberania alimentar e geração de renda através da agricultura familiar no Vale do Jequitinhonha. Para debater e incentivar a criação e ampliação das feiras livres no Vale é que entidades e feirantes do Vale do Jequitinhonha realizaram o IV Seminário Feiras Livres e Políticas Públicas, no dia 14 de junho na cidade de Chapada do Norte.
O evento teve como ponto alto o resgate histórico e a trajetória do fortalecimento e inovação da feira de Turmalina, onde foi fundada a ASFETUR – Associação de feirantes de Turmalina. Outra experiência exitosa apresentada foi a Feira Livre de Virgem da Lapa, onde a mesma iniciativa possibilitou a melhor exposição dos produtos, com a aquisição de bancas.
Outro momento importante foi a apresentação de uma pesquisa do CAV e do Núcleo PPJ, onde o professor da UFVJM, Luís Henrique Machado, que faz parte do Núcleo, apresentou números sobre o perfil de compradores e vendedores das feiras livres pesquisadas, que foi o norteador para a aplicação das melhorias.
Diversas organizações da sociedade Civil, entre elas a Cáritas Brasileira e o Instituto Marista, apoiaram financeira e tecnicamente a melhoria do espaço físico e da produção nas feiras no último ano. O P1+2 - Programa Uma Terra e Duas Águas – que leva água para a produção, executado pela Cáritas Diocesana de Araçuaí e o projeto Sementes da Gente, que promove o resgate das sementes crioulas, desenvolvido pela Cáritas Regional Minas Gerais no Vale, assim como a realização de compras coletivas praticadas pelas associações de feirantes da região, são importantes formas de garantia do desenvolvimento das feiras.
Os participantes se reuniram em grupos, onde discutiram as alternativas para ampliação do trabalho de comercialização dos produtos oriundos do campo. Os principais encaminhamentos foram buscar uma maior sensibilização dos CMDRS’s – Conselhos de Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável – e demais órgãos que lidam diretamente com os agricultores. Além disso, percebeu-se a necessidade de maior incentivo de políticas públicas que visem a segurança alimentar e nutricional para o Vale. A partir daí, deve-se construir uma carta política para a Secretaria de Agricultura f e o Ministério de Desenvolvimento Agrário, buscando maior incentivo governamental para manutenção desta prática que já é uma tradição do Vale.
Segundo a coordenadora do Programa de Desenvolvimento de Área da Visão Mundial, Érica Verdolin “O seminário foi muito importante pra quem está iniciando o processo de implantação das feiras, pois discutimos de quem são as responsabilidades e assim conseguimos construir estratégias de melhor estruturação das mesmas”.
A garantia de comercialização dos produtos da agricultura familiar é também a garantia de um país mais saudável e mais igual, através da segurança e soberania alimentar e distribuição de renda. É esse o caminho para o desenvolvimento social de todo o povo do Vale do Jequitinhonha.