MINERAÇÃO DE OURO GERA INSEGURANÇA E DÚVIDAS EM RIACHO DOS MACHADOS


Publicado há 13 anos, 10 meses

Muitas dúvidas e insegurança, isso é o que ficou claro último dia 02, quarta-feira durante a Audiência Pública que foi realizada no município de Riacho dos Machados, no Norte de Minas sobre o processo de implementação da Mineradora Carpathian Ltda. A Audiência foi solicitada pela Prefeitura Municipal e CODEMA para que a empresa pudesse esclarecer uma série de indagações da população riachense tem em relação ao projeto.

Em uma escala que vai de 1 à 6, que classifica o potencial poluidor de um empreendimento, o projeto da mineradora é classificado como um empreendimento classe 6, nível máximo, sendo assim, reconhecido como de alto risco de contaminação. Após ter conseguido a Licença Prévia (LP) que garante permissão para estudos locais, agora a população e o poder público de Riacho dos Machados se sentem ameaçados com os riscos e impactos que a exploração do minério pela empresa internacional pode causar.

Uma das grandes preocupações são os riscos de contaminação pelo cianeto, um composto químico altamente venenoso e solúvel em água que pode vir a contaminar os rios e lençóis freáticos. Além do cianeto e ainda mais grave, o arsênio, material químico altamente venenoso é liberado à partir da exploração do ouro e pode contaminar o ar e a água, sendo também cancerígeno e agindo no organismo das pessoas de forma sigilosa. Um artigo publicado na revista virtual Polo Mercantil confirma esta preocupação. VEJA AQUI.

Além dos riscos ambientais, outro questionamento foi o de que a empresa iria contratar mão de obra local e que também iria movimentar a economia do município. Mas, pelos depoimentos, não é isso o que está acontecendo. Sebastião Oliveira representante dos comerciantes do município não se conteve ao falar “aproveito aqui para demonstrar a situação de isolamento dos comerciantes e afins em relação à aquisição de produtos de toda natureza pelos representantes comerciais dessa empresa (mineradora).”

A agricultora do Assentamento Tapera, Elisângela de Aquino, representante do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas – CAA/NM colocou a importância de que todas as pessoas devem ter clareza e compreensão dos riscos e ameaças do projeto. Emocionada, ela indagou ao poder público municipal: se há tanta dúvida e preocupação com esse novo projeto que vai empregar no máximo 250 pessoas, porque não se dá mais atenção para o que já existe de valor no município, principalmente para a agricultura familiar que hoje emprega diretamente mais de duas mil pessoas do município?

Elton Mendes Barbosa, coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha e representando a Articulação no Semiárido Mineiro (ASA Minas) trouxe essas preocupações para o plenário lembrando-se que as principais condicionantes que foram incorporadas no processo de licenciamento aconteceram pela mobilização realizada pelas entidades do Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Norte de Minas, no qual também participa o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Riacho dos Machados. Segundo ele o projeto de mineração do ouro em Riacho dos Machados vai impactar diretamente outros municípios como Porteirinha e Janaúba.

A prefeita Domigas da Silva Paz refletiu sua posição anterior à vinda da mineradora: “quando a empresa vem a gente fica com tanta expectativa que só lembra as coisas boas e esquece que um dia a empresa vai embora e vai ficar os buracos e muitas mães com os filhos nos braços sem pai”.

A sociedade civil participou ativamente com muitas indagações, como a estudante Jaira que pediu consciência para a população riachense e Isidoro Revers também conhecido por Galego da CPT que com sua fala arrancou aplausos emocionados ao cobrar políticas públicas sustentáveis e adequadas à região principalmente para a agricultura familiar.

A Mineradora, que teve seus representantes na mesa de honra, tentou responder às perguntas que foram feitas pelas participantes e lideranças mas, as pessoas que saíram da audiência estavam com mais duvidas e preocupações do que quando entraram.

Por Helen Borborema Comunicadora ASA Minas pelo STR Porteirinha
e Carlos Dayrell Assessor Técnico CAA/NM

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