MOVIMENTO GERAIZEIRO FAZ RETOMADA DE SEU TERRITÓRIO TRADICIONAL


Publicado há 11 anos, 11 meses

Na madrugada deste sábado (07), cerca de 70 famílias das comunidades Geraizeiras de Cabeceira do Macaúba, Cutica, Morrinhos, Buracão, Martinópolis, Entroncamento e Laginha, dos Municípios de Fruta de Leite e Novorizonte, Região Norte do Estado de Minas Gerais, retomaram parte de seu território tradicional, ocupando uma área de carvoejamento da empresa Siderúrgica União S.A.

A maior parte do território tradicional destas comunidades é composta por terras devolutas que, na década de 70, foram tomadas dos geraizeiros pelo Governo do Estado de Minas Gerais e repassadas à empresa Florestaminas para o cultivo da monocultura de eucalipto, por meio da celebração de contratos de arrendamento. Apesar de todos os contratos já terem vencido, a empresa se recusa a devolver às comunidades suas terras, obrigando o Instituto de Terras do Estado de Minas Gerais a acionar o Judiciário.

Enquanto o ITER/MG trava uma longa e lenta batalha no Judiciário, as mesmas terras pretendidas foram objeto do mais escandaloso processo de grilagem, jamais visto no Estado de Minas Gerais. É que em 2007, a família família Meneghetti, proprietária da empresa DESTILARIA MENEGHETTI LTDA, começou a comprar dezenas de pequenas glebas de, no máximo, 20 ha. Depois de formalizados os registros destas aquisições, requereu a retificação adminsitrativa de todas as glebas junto ao Cartório de Registro de Imóveis de Salinas/MG. Com isso, áreas de 03 hectares transformaram-se em 200 hectares; áreas de 05 foram transformadas em 400 ha; áreas 10 transformaram-se em 900 hectares...

Para realizar a retificação das áreas, a Família Meneghetti, com o apoio de alguns membros da Polícia de Meio ambiente e do prefeito municipal de Novorizonte, procurou os confinantes das respectivas áreas e os convenceram a assinar Terrmo de Anuência de Confinantes, ao argumento de que se tratava de um “abaixo assinado” para proibir o plantio de eucalipto naquela região. Por possuir baixíssimo grau de escolaridade e pelo fato de os Meneghetti virem acompanhados de “autoridade policial”, as famílias assinaram os documetnos sem conhecer o conteúdo.

Depois de feitas as retificações, a família Meneghetti vendeu à Siderúrgica União S/A cerca de 16.000 ha de terras arrecadadas através das retificações fraudulentas. A Siderúrgica União S/A, por sua vez, a pretexto de ter o domínio da área, começou a preparar o terreno para o plantio de eucalipto e, segundo os moradores, sem a devida licença expedida pelo órgao ambiental.

Segundo Orlando Santos, uma das lideranças do Movimento Geraizeiro, o objetivo da retomada “é justamente combater o absurdo processo de grilagem do seu território tradicional e defender o meio ambiente, pois as máquinas da empresa estão gradeando até as cabeceiras de onde nascem os rios que abastecem as comunidades”.


Informação enviada por Moisés Dias de Oliveira, de Rio Pardo de Minas

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