Uma outra preocupação é a possibilidade de implementação de um minerioduto, que levará o minério até o Porto de Ilhéus, na Bahia. Segundo José Rufino já existem trabalhos na região em função disso. Para ele, “a preocupação maior é que vai passar em muitas comunidades onde tem cabeçeiras, nascentes, água, lagoas e esse duto pode trazer grandes tragédias para nossa região”.
Segundo Cleonice Ferreira Souza, riachense da Pastoral da Criança, Riacho dos Machados é uma prova de que mineração não traz desenvolvimento para o povo do lugar. Segundo ela, a Vale do Rio Doce extraiu ouro durante muitos anos, porém, mesmo depois de tanto tempo, o município não tem nem sequer um hospital, não tem estradas, nem infraestrutura. Para ela, o que a empresa deixou foi crateras no subsolo e poluição das águas, além de tirar as famílias do campo e levar para a cidade. Cleunice afirma que “a riqueza que deixou, só se for para os políticos, porque de obras não deixou nada”. Diante do novo projeto de reativação da mina pela empresa canadense Carpation ela diz: “com a Vale foi assim e se gente não se unir, não nos prepararmos, conscientizar as famílias que estão na zona rural, que estão recebendo pressão, com essa empresa vai ser do mesmo jeito”.
Para Maria de Lourdes Souza Nascimento, diretora do Sindicato
dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha, “esse desenvolvimento que os políticos querem destrói a natureza, destrói os recursos hídricos e deixa as crateras, a destruição, impacto ambiental forte e com muita prostituição e doença ao redor”. Indignada, completa: “Ninguém nos pergunta nada, quando foi que vieram aqui saber o tipo de desenvolvimento que queremos? Porque isso nós sabemos: queremos um desenvolvimento sustentável para proteger nossos filhos e nossa natureza” afirma.
Elisângela Alves dos Santos, diretora do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Taiobeiras, também participou da manifestação e desabafou: “o nosso povo precisa de terra e água, não de buracos, se todos deixarem o campo e forem para a cidade, e aí o que as pessoas vão comer?”
Junto à manifestação foi realizada também um protesto contra o 27º pior salário de professores do Brasil, pago pelo governo do estado de Minas. Os educadores estão em greve e afirmam que só voltarão às aulas quando for cumprida a lei 11.738/2008 que estabelece o piso salarial.
O Fórum Norte, junto com os parceiros da manifestação, lançou uma Carta Aberta à População sobre os motivos da reivindicação. Este Fórum compõe, junto ao Fórum de Convivência com o Semiárido do Vale do Jequitinhonha, a Articulação no Semiárido de Minas Gerais (ASA Minas.)
Por Helen Borborema, com fotos de Leninha Souza