Por Paula AlvesComunicadora Popular Cáritas Diocesana de JanuáriaA audiência pública realizada no dia 18 de junho em Bonito de Minas – MG para discutir os impactos das PCHs – Pequenas Centrais Hidrelétricas, no Rio Carinhanha foi um momento importante para a população mostrar que não concorda com a construção das barragens. Convocada pelo IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, a audiência contou com mais de 200 pessoas entre moradores de Bonito de Minas e de Cocos na Bahia.
Os manifestantes mostraram sua insatisfação através de apitos, tambores e cartazes, Seu Horácio Rodrigues Nunes, Presidente da Associação Comunitária Vereda Bonita Cajueiro e um dos atingidos pela barragem, estava indignado com o projeto. Disse que a barragem vai trazer prejuízo porque vai tirar o Rio Carinhanha do povo e concluiu afirmando: “Lá nos somos sossegados, se tira nóis de lá a gente vai para onde? Eu tenho todas as escrituras dizendo que a terra é minha. Eu nasci na beira do Rio Carinhanha, a minha vida é o Rio não consigo pensar em viver longe de lá.”
A construção das barragens do Caiçara e Gavião causará impactos sociais, econômicos e ambientais irreversíveis. Destruíra a mata conservada dos rios inundando as terras férteis de várias comunidades afetando a rica biodiversidade da região, as comunidades tradicionais que constroem sua identidade a partir da sua relação com o rio e com as terras do entorno serão expropriados do seu modo de vida tradicional. As histórias, os costume, sua cultura ficará embaixo das águas caso as barragens sejam construídas.
O empreendimento está na fase inicial do processo de licenciamento ambiental, a empresa interessada pela obra é a Minas PCH que durante a audiência pública apresentou o RIMA – Relatório de Impacto Ambiental. Desde 2001 a empresa tenta conseguir a autorização para construir a barragem no Rio Carinhanha, porém a resistência do povo tem adiado a realização do projeto.
No dia 20 de junho foi a vez da audiência pública em Cocos na Bahia, várias organizações da sociedade civil, movimentos sociais e comunidades tradicionais do Norte de Minas Gerais e oeste da Bahia foram às ruas da cidade de Cocos para defender o rio Carinhanha, a manifestação contou com mais 40 entidades que são contra a proposta da construção das PCH’s.