Foto: Valda Nogueira
Helen Santa Rosa e Kelly Cristina de Aquino – Comunicadoras da ASA Minas/CAA/NM - Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, Montes Claros/MG.
O Plano de Ações Estratégicas em Agrobiodiversidade e Soberania Alimentar frente às Mudanças Climáticas no Semiárido Mineiro foi apresentado a gestores públicos estaduais e federais na tarde do dia 10. O evento teve a participação de Marcelo Broggio das Organizações das Nações unidas para Alimentação e Agricultura - FAO, Arnaldo Campos do MDS, Edmar Gadelha sub-secretário da Agricultura Familiar de MG, Nilmário Miranda e Padre João - deputados federais e o deputado estadual Rogério Correia. O plano foi apresentado por guardiões e guardiãs, técnicos (as) e pesquisadores que compõe a Rede de Agrobiodiversidade do semiárido mineiro.
O Plano foi construído de forma coletiva e participativa. Ao longo de um ano foram realizadas oficinas regionais que analisaram os impactos das mudanças climáticas no local e as estratégias de resiliência adotadas pelos agricultores (as); pesquisas de campo para análise das estratégias adotadas pelas comunidades e levantamento da agrobiodiversidade realizado pelos próprios guardiões.
Paralelas ao processo de pesquisa foram realizadas atividades de aprofundamento teórico que abordaram questões como direitos dos agricultores e mudanças climáticas, com especialistas e estudiosos dos temas. O intercâmbio internacional realizada em Honduras e Guatemala também contribuiu na formatação do plano, onde agricultores do semiárido mineiro e técnicos conheceram as experiências destes países na aplicação de dispositivos legais referentes aos direitos dos agricultores e estratégias coletivas de conservação da agrobiodiversidade.
A apresentação do Plano de Agrobiodiversidade impulsionou o debate e fez com que os povos e comunidades tradicionais interagissem com os gestões públicos. Segundo o Secretário Nacional de Segurança Alimentar do MDS (Ministério do Desenvolvimento Social) Arnoldo Campos é necessário ouvir as comunidades tradicionais para encontrar soluções referentes à convivência com o semiárido. “Nós estamos vivenciado neste momento as consequências que as mudanças climáticas nos trás, com a seca dos últimos 3 anos, a maior em 50 anos. Fizemos reuniões de trabalho durante várias semanas e o resultado foi a proteção, a cobertura das políticas públicas. Estamos ampliando a assistência técnica e buscando caminhos para chegar as comunidades tradicionais”, afirma.
Edmar Gadelha, Subsecretário da Agricultura Familiar do Estado de Minas Gerais avalia que o Plano parte de um diagnóstico claro e apresenta eixos e estratégias bem articuladas. “Chamo a atenção para a necessidade continuar o debate com os gestores públicos, das três esferas de governo, afim de incidir na implementação de programas e projetos de fortalecimento da agrobiodiversidade”, reforça.
Para a agricultora familiar de Varzelândia, Dulce Borges Pereira, o momento de realização do debate político é importante para reforçar as lutas das comunidades tradicionais. “Vários pontos importantes para o agricultor(a) foram expostos. Achei que foi forte a luta pelo território, acesso a terra/água entre outros. Agora temos que colocar em prática as demandas e cobrar mais do governo”, analisa.
Além das comunidades tradicionais e povos a participação dos jovens acadêmicos/pesquisadores contribuiram para o diálogo referente o enriquecimento do plano de agrobio. Zander Lázaro Magalhães, estudante de geografia, do município de Janaúba, diz que o convívio com os agricultores é fundamental para a melhor construção e ampliação do plano de agrobiodiversidade. “Acho que o diálogo tem que ser mais forte de agricultor para agricultor a partir daí, construir melhor o conteúdo desse plano. E a participação dos gestores públicos neste processo é importante para ajudar na sua execução”, explica.