Entre os dias 10 e 12 de setembro, o II Encontro Estadual da Articulação Semiárido Mineiro reuniu lideranças de povos tradicionais, estudantes e professores da EFA, agricultoras e agricultores familiares de 7 microrregiões de Minas Gerais.
“Põe a semente na terra, não será em vão; não te preocupes com a colheita, plantas para o irmão.” Com o canto coletivo da música Toda Semente, mulheres e homens realizaram a abertura do II Encontro Estadual da Articulação Semiárido Mineiro, no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha. O momento foi marcado pela mística da partilha das sementes crioulas, animada pela companheira Neltinha Oliveira (EFA/Veredinha), onde cada participante teve a oportunidade de falar com qual sentimento gostaria de partilhar na construção do encontro. Ali, cerca de 50 pessoas das delegações do Alto do Jequitinhonha, Baixo Jequitinhonha, Médio Jequitinhonha, Serra Geral, Montes Claros, Baixo São Francisco, Alto do Rio Pardo e Belo Horizonte tiveram a oportunidade de se apresentar durante o momento de acolhida.
Democracia Participativa
A primeira mesa do encontro foi aberta por Elton Mendes, agricultor familiar e presidente do STRP. A partir das experiências construídas pelo sindicato nos últimos anos, ele trouxe diferentes possibilidades de exercício da democracia participativa para o fortalecimento da geração de renda e da preservação da biodiversidade. “Nós conseguimos aprovar um Projeto de Lei municipal para transformar o Rio Mosquito é um sujeito de direitos, agora nós podemos reivindicar projetos proteção e defesa do rio”, ele afirmou.
Semiárido Vivo
Inspirada pelo lema do 10º Encontro Nacional da ASA (EnconASA): “justiça socioambiental e democracia participativa”; a mesa de diálogo, conduzida por Rodrigo Pires (Cáritas Brasileira MG), trouxe essa temática a partir da análise das desigualdades socioambientais enfrentadas no Semiárido de Minas Gerais. Ao analisar o território do Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha, ele observou como as comunidades tradicionais têm sido impactadas pelo modelo econômico predatório que visa o lucro acima da vida. “A injustiça socioambiental é o mecanismo pelo qual sociedades desiguais do ponto de vista econômico e social, destinam maior cargo de danos ambientais do desenvolvimento às populações de baixa renda, aos grupos raciais discriminados, aos povos étnicos tradicionais, aos marginalizados e vulnerabilizados,” ele reflete.
No momento de debate, o geraizeiro José Rodrigues pontuou: “a disputa dos nossos territórios tradicionais pelas grandes empresas é muito grande, se nós não nos organizarmos de forma coletiva para resistir e produzir de forma ecológica as comunidades vão perder espaços”. Neltinha Oliveira, diretora da EFA/Veredinha e agricultora familiar, refletiu a importância da escola do campo nesse processo de resistência. “Precisamos trazer para a sala de aula a realidade das nossas comunidades e fazer conteúdos, para formar alunos críticos, futuros jovens engajados, que trarão forças políticas para o nosso lado”, ela destacou.
A partir da análise da conjuntura das ações do Programa de Convivência com o Semiárido, realizado pela ASA, Rodrigo observou pontuou como as tecnologias sociais têm melhorado a condição de vida de diversas famílias, através do acesso à água e fortalecimento da renda local e freado a migração de várias famílias.
Rumo ao 10 º EnconASA
O 10º EnconASA será realizado entre os dias 18 e 22 de novembro, em Piranhas, Alagoas, e Canindé de São Francisco, em Sergipe. Durante o II Encontro Estadual da ASA Minas, cada microrregião teve a oportunidade de indicar 4 representantes para compor a delegação de 28 pessoas que vão representar Minas Gerais no encontro. Durante o EnconASA, cada agricultor(a) terá a oportunidade de compartilhar os seus conhecimentos no Terreiro de Inovações, espaço destinado para a troca de saberes e experiências do semiárido. Maria Madalena Oliveira Leite, conhecida carinhosamente como dona Nenzinha, é agricultora familiar e geraizera. Ela destaca que irá levar muita alegria e o fortalecimento do grupo de mulheres para o EnconAsa.
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Sarah Gonçalves Ferreira
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