O Plebiscito pelo Limite da Propriedade de Terra conclamado no Brasil inteiro na Semana da Independência (1º a 7 de setembro) e depois prorrogado até o dia 12, fez parte da agenda de muitas organizações sociais e entidades populares no Semiárido mineiro.
Para Decanor Nunes, da ASA Minas, no semiárido de Minas Gerais, como no semiárido Brasileiro como um todo, existe muita concentração de terra. Segundo ele é preciso fortalecer o debate, “porque pensar limite de terra, é pensar partilha de terra”, que “significa direito à vida e à cidadania”.
Segundo Valquíria Lima, que também faz parte da ASA Brasil, é muito importante a ASA assumir essa bandeira. Segundo ela é costume dizer em debates, que o problema da região não é de seca, e sim de cercas. Ela afirma que defender um limite do tamanho da terra, é lutar pela reforma agrária e todas as lutas de acesso à terra às familias, grupos e comunidades no semiarido, está no centro do nosso debate da Convivencia com o semiarido. Segundo ela, sem acesso à terra, as familias não podem ter acesso a água, a produção, a soberania alimenta enfim a Vida plena.
Mobilização - Para Sônia Gomes de Oliveira das Pastorais Sociais da Arquidiocese de Montes Claros, o plebiscito “foi bom porque fez o debate chegar ao grande público”. Para ela, em termos de meta, seria necessário avançar mais, porém o processo de conscientização e mobilização, em todos os lugares, principalmente nas periferias, por si só, já foi um ganho muito importante.
No Semiárido mineiro, as comunidades utilizaram estratégias criativas para mobilizar apoios. Na Paróquia São Sebastião, município de Capitão Enéas, durante o desfile de 7 de Setembro, uma bicicleta foi utilizada como veículo de comunicação e de recolhimento de assinaturas. Além de divulgar a causa através das caixas de som, durante as paradas ela foi usada para colher a votação. O arcebispo Dom José Alberto enviou carta a todas as paróquias, incentivando a participação no plebiscito.
Já a Cáritas Diocesana de Jequitinhonha, fez spots para divulgação alusivos ao plebiscito, convocando todos para participar. Os spots foram divulgados via internet entre os comunicadores populares do Semiárido mineiro, chegando até as rádios comunitárias, como foi o caso do comunicador Nathan Trindade, que veiculou os spots na rádio Comunitária Alternativa FM, de Fronteira dos Vales.
A Cáritas Diocesana de Januária, em parceria com a ASA, realizou seminário para formação e divulgação no município. Na Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) e na Faculdade Unidas do Norte de Minas (FUNORTE), também foram realizados expressivos debates sob a coordenação da Assembléia Popular. Já o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha, além de deixar urna na entidade, promoveu urnas itinerantes em cerca de 30 comunidades rurais, durante todos os dias da campanha, além de colocar uma urna no Mercado Municipal. Em um universo de 38.000 habitantes no município foram coletados mais de 1.000 votos.
Abaixo-assinado on-line – Muitas pessoas não conseguiram participar do plebiscito. Em apoio à Campanha Nacional pelo Limite da Propriedade da Terra, a Rede Fale lançou o abaixo-assinado on-line nº #6322. Outro instrumento de manifestação que pode ser acessado por todas as pessoas que não assinaram o documento impresso. Eles reforçam para que cada pessoa assine somente uma vez. Se você ainda não assinou, clique no link
http://www.abaixoassinado.org/assinaturas/assinar/6322.