Seminário debate Agroecologia e Reforma Agrária no Semiárido Mineiro


Publicado há 13 anos, 1 mês

Por Gabriel Dayer
Grupo Aranã de Agroecologia



Cerca de 100 participantes, entre agricultores/as, estudantes, professores/as e técnicos/as, estiveram reunidos/as durante o Seminário Agroecologia e Reforma Agrária: para além da conquista da terra, ocorrido nos dias 30 de setembro a 2 de outubro, no Assentamento Franco Duarte - MST em Jequitinhonha, semiárido mineiro.

O evento foi realizado pelo Núcleo de Agroecologia e Campesinato e pelo Grupo Aranã de Agroecologia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM. Contou também com a parceria de um conjunto de organizações que atuam com agroecologia na região como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (Regional Rosinha Maxakali), as Cáritas de Araçuaí e Jequitinhonha, a Associação de Amigos e Moradores de Itinga – AMAI, a Visão Mundial – PDA Ponto dos Volantes a Associação Indígena Pankararu Pataxó – Araçuaí, Articulação do Semiárido – ASA MINAS, e os grupos Agentes dos Vales, Retalhos de Fulô, NEPAM, e GEPAF da UFVJM.

Os principais objetivos do encontro foram debater Agroecologia e luta pela terra a partir das realidades concretas dos sujeitos das áreas de Reforma Agrária, e promover a socialização e a interação das experiências do campo agroecológico dos Vales. Momentos de diálogos e práticas foram os pontos chaves do encontro, que contou também com um espaço contextualização regional pela pedagoga e indigenista Geralda Chaves Soares e pelo Prof. Mateus de Moraes Servilha da UFVJM.

A Profa. Michelly Ferreira Monteiro Elias (NEPAM/UFVJM) e o pesquisador Luiz Ricardo (GEPAF/UFVJM) facilitaram o momento “Agroecologia e Reforma Agrária”. Eles trouxeram para apreciação e debate a perspectiva agroecológica, que traz como elementos norteadores a organização comunitária e a participação popular, para além da técnica e da produção. A agroecologia apresenta-se ainda como uma opção política/ideológica de contraposição ao padrão monocultor e do latifúndio, representado atualmente pelo agronegócio e pela extrema concentração fundiária no país. É uma proposta que vem de encontro aos interesses da agricultura familiar camponesa, de quem trabalha e vive no Campo.

As oficinas foram ricos momentos de aprendizagem e de coletividade, onde a realidade e a vida dos/as participantes foram as referências para construção de conhecimentos. Os temas das oficinas foram escolhidos pelas famílias camponesas do assentamento Franco Duarte, sendo estes: Apicultura, Mulheres em movimento e Agroecologia, Manejo de animais no semiárido, Horta Agroecológica e Rádio Camponesa – esta última animou o almoço dos demais participantes com o Programa Especial Agroecologia e Reforma Agrária, produzido e apresentado por moradores do Assentamento Franco Duarte, na Rádio Camponesa FM.

O evento é parte do projeto “Contribuição ao fortalecimento da Agroecologia e do Campesinato nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri” executado pelo Núcleo de Agroecologia e Campesinato – NAC, em parceria com o Grupo Aranã de Agroecologia e com o Grupo de Extensão e Pesquisa em Agricultura Familiar GEPAF/UFVJM e conta com apoio financeiro do CNPq.

De acordo com representantes do Grupo Aranã de Agroecologia “A Universidade tem um papel social a cumprir. Nos territórios camponeses/indígenas dos vales do Jequitinhonha e Mucuri a educação, que não é neutra, deve optar pela construção de conhecimentos que considerem as dimensões sócio-ecológica e cultural das comunidades. Se direcionarmos os estudos e pesquisas para as grandes empresas, contribuímos apenas para a ampliação da exclusão e desigualdade social no campo pois, historicamente, os grandes projetos tem expulsado e marginalizado as famílias camponesas.”

O evento não poderia ter se encerrado melhor, senão com um abraço simbólico no Rio Jequitinhonha, onde terra e água foram exaltados como fundamentais para a vida do povo do Semiárido.

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