Só Depende de Nós


Publicado há 13 anos, 4 meses

Myrlene Pereira - comunicadora popular da ASA
Maceió - AL
07/07/2011

Grupo de teatro abriu o encontro | Foto: Gleiceani Nogueira
Foi essa a mensagem principal com que foram recebidos os 150 representantes dos nove estados do Semiárido brasileiro na abertura do II Encontro Nacional de Sementes, que começou nesta quarta-feira (6), em Maceió - AL. Com um misto de comédia e reflexão, o grupo teatral Ricalatu deu as boas-vindas divertindo a todos com a peça “Só depende de vocês”, que mostrou a luta entre empresas multinacionais, que controlam o mercado de agrotóxicos e sementes, e os agricultores e agricultoras que são guardiões das sementes crioulas.

Em seguida, a advogada da ONG Terra de Direitos, Ana Carolina Brolo de Almeida, o assessor técnico do ASPTA, Emanoel Dias da Silva, e Marciano Toledo, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) compuseram a mesa de debate sobre o tema Ameaças as Sementes e ao patrimônio genético das comunidades rurais e da agricultura familiar camponesa.

Ana Carolina trouxe para a plenária alguns dos direitos das agricultoras e agricultores ao livre uso da agrobiodiversidade que sempre estiveram descritos em lei, no entanto, sofrem imposições de leis contrárias em favor dos latifundiários, dificultando o desenvolvimento da agricultura familiar no Brasil. Segundo ela, é importante falar e levar o conhecimento dos direitos antes que eles sejam violados. Disse ainda que a tomada do controle da água, da terra e das sementes pelos agricultores é a melhor forma de lutar pela soberania alimentar no Semiárido.

O representante do MPA falou sobre alguns deveres que devem ser seguidos para a conservação da biodiversidade, como a produção e o compartilhamento das sementes crioulas. Ele relembrou a crise pela qual o mundo está passando, principalmente quando se fala em alimentos. Segundo Marciano, enquanto pesquisas detectam a superprodução de alimentos pelo mundo, milhares de pessoas passam fome. Essa contradição é mantida pela concentração de terras e sementes, pelo incentivo ao uso abusivo de agrotóxicos e pelo desperdício de 40% dos alimentos, antes que cheguem as mesas.

Emanoel Dias (de pé), Ana Carolina (C) e Marciano Toledo (D) | Foto: Gleiceani Nogueira

A Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA) tem tido um papel fundamental na luta pela preservação das sementes tradicionais. Segundo Emanoel Dias, são mais de 800 experiências coletivas de resgate às sementes no Semiárido. Um importante aliado tem sido os povos tradicionais – indígenas, quilombolas, ribeirinhos - que gratuitamente pesquisaram e organizaram estratégias de adaptação do patrimônio genético as mudanças do meio ambiente e dos biomas do país ao longo dos anos.

Para Emanoel, a ASA vai na contramão do agronegócio, que se especializa em transformar as variedades encontradas na natureza em espécies híbridas e transgênicas, negando o clico natural e a biodiversidade.

Finalmente, as conclusões que se tem chegado é que estamos vivendo num mundo onde o coletivo tem deixado de ser prioridade. Por isso, a mobilização e organização comunitária devem ser as principais armas contra a devastação do direito à cultura e a biodiversidade que temos presenciado.

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