“Este é um momento da gente retornar às famílias, saber o que é a cisterna para elas, saber o que ficou da capacitação que passamos”, conta Maria José de Freitas, a Zeza. Ela é coordenadora do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) pela UGM Cáritas Diocesana de Januária e faz parte da coordenação estadual da Articulação no Semi-Árido Mineiro (ASA Minas).
O momento comentado por Zeza refere-se a realização de uma pesquisa sobre o P1MC, através de uma parceria entre a ASA e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A pesquisa é a tese do doutorado da engenheira ambiental Uende Aparecida Figueiredo Gomes, doutoranda da UFMG. Ligada ao Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (DESA), o estudo busca avaliar o Programa enquanto uma possibilidade de abastecimento de água.
A tese “Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semi-Árido: Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC) – Uma avaliação Política – Institucional no Semiárido Mineiro” faz parte de um estudo mais amplo sobre as dimensões epidemiológicas, tecnológicas e política-institucional do P1MC, financiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
A pesquisadora conta que alguns aspectos interessaram mais à pesquisa, como o modelo de gestão descentralizado do Programa, com execução da sociedade civil organizada. “O P1MC traz o indivíduo para o centro, ele se torna o ator principal, diferente da gestão de outros modelos de abastecimento”, explica. Outros aspectos a serem pesquisados são o armazenamento da água de chuva como alternativa de abastecimento, a mobilização e a participação social no processo e a questão de gênero. “Qual o real impacto na vida das mulheres, já que elas são responsáveis pelo abastecimento?”, indaga Uende.
Ela explica que todos esses pontos que serão estudados exigem um método quantitativo e qualitativo. Em parceria com a ASA Minas, desde fevereiro, a pesquisadora está aplicando um diagnóstico com 600 famílias atendidas pelo P1MC, sendo 200 famílias na região de atuação de cada UGM.
Todas as informações geradas, tais como: gráficos, mapas e materiais fotográficos, poderão subsidiar as tomadas de decisão da ASA e possibilitarão maior conhecimento da realidade. “Pretendemos falar da ASA como um todo e depois falar das Unidades Gestoras. Penso que tudo isso tende a contribuir com o Programa”, explica Uende.