Saulo Cerezo e Meire Reis
Cáritas Diocesana de Januária
“Daí longe em longe, os brejos vão virando rios. Buritizal vem com eles, buriti se segue, segue. Para trocar de bacia o senhor sobe, por ladeiras de beira-de-mesa, entra de bruto na chapada, chapadão que não se devolve mais. Água ali nenhuma não tem – só a que o senhor leva.”
(Grande Sertão Veredas – Guimarães Rosa)
Em uma região que inspira autores como Guimarães Rosa, em sua obra “Grande Sertão: Veredas”, ações comunitárias com apoio da Cáritas buscam a promoção da vida e a preservação do meio ambiente. Neste intuito, no dia 17 de junho, foi realizada a V Cavalgada Ambiental da Comunidade de Cabeceirinha, que fica a 130 quilômetros da sede do município de Januária, no Norte de Minas Gerais.
Com a finalidade de promover a conscientização ambiental e buscar alternativas para evitar a degradação ambiental, a cavalgada foi organizada pela Cáritas Diocesana de Januária, através do Projeto Nossa Terra Solidária executado na comunidade, junto à Associação Comunitária de Cabeceirinha, e financiada pela KNH (Kindernothilfe), instituição alemã de apoio à criança e ao adolescente. O evento contou com efetiva participação, envolvendo jovens, homens e mulheres.
A quinta edição da Cavalgada Ambiental teve como tema a Campanha da Fraternidade 2011 - Fraternidade e a vida no Planeta, aprofundando a discussão já iniciada pela comunidade no mês de março. De lá pra cá, aconteceram várias atividades na escola, no grupo de jovens, nos povoados vizinhos, culminando com a cavalgada.
Durante o evento, que já virou tradição em Cabeceirinha, foram identificados os focos de degradação ambiental na comunidade e vizinhanças e discutida a relação do homem e da mulher do campo e das pessoas de outras realidades com essa degradação.
A cavalgada saiu do Centro Comunitário e, em um percurso de aproximadamente 20 quilômetros, foram realizadas paradas para discussões das possíveis mudanças e adoções de práticas ecológicas. Uma parada importante aconteceu na comunidade de Raposa, onde se encontra uma nascente de águas cristalinas, que se torna um dos afluentes do rio Pandeiros. Os moradores mais antigos da região lembraram que aquele era um córrego de grande volume d’água. Hoje, apesar de ainda volumoso, o córrego reduziu mais da metade.
Outra importante parada aconteceu no povoado de Ribeirão, onde existe a presença de carvoeiras, atividade que gera extrema degradação ambiental. Neste momento, foi questionada a ilegalidade e o perigo da carvoaria para a região. A V Cavalgada Ambiental foi encerrada neste povoado com uma celebração participativa preparada pela comunidade. Após a celebração, todos degustaram um almoço coletivo na escola local.