Geovane Rocha – Comunicador Popular
Cáritas Diocesana de Almenara, Jequitinhonha/MG
“Tirar a máscara das quais as pessoas foram pintadas e aí sim registrá-las; os estereótipos tiram as belezas de um povo”. Com estas palavras de João Roberto Ripper, os comunicadores populares do semiárido mineiro, unidos no II Módulo da Escola de Formação de Comunicadores Populares da Articulação Semiárido Brasileiro em Minas Gerais, saíram pelo Mercado Municipal da cidade de Araçuaí/MG na manhã do dia 04 de maio e foram registrar através da fotografia as diversidades, saberes e sabores da Feira Livre local.
Utilizando a metodologia participativa da Escola, este módulo procurou dar formação libertadora a partir da comunicação com a perspectiva da fotografia. Com a assessoria de João Roberto Ripper, fotógrafo popular que coloca seu trabalho a serviço dos direitos humanos, os participantes do curso puderam experimentar a prática do foto-registro na Feira Livre, procurando exercitar as técnicas fotográficas que aprenderam e a humanização da fotografia, principalmente.
Com Ripper, os participantes do curso puderam vivenciar um pouco do que é a fotografia humanista - “ver a beleza dos fazeres é o que cria, comunicação popular é mostrar a beleza do povo, criação a partir do reconhecimento das belezas de quilombos, índios, sem terras e favelados”.
Este exercício prático conseguiu mostrar toda variedade, cultura e riquezas do Vale do Jequitinhonha a partir desta Feira Livre, local de trocas de saberes e alimentos que reforçam a soberania alimentar e a economia solidária local. O cursista João Henrique Abreu que recentemente começou um trabalho com registros fotográficos na Baru Cultural em Montes Claros/MG, conta que a Feira consegue juntar toda população, congrega muitas conversas e muita fofoca; muita história acontecendo, com pessoas brigando e “desbrigando”, onde cada um leva um pouco da sua roça e da sua casa, além de representar o universo de Araçuaí de uma forma muito pura.
A participante Fernanda Santos, coordenadora da Escola Família Agrícola do Alto Rio Pardo/MG, relata que para este exercício teve dificuldades técnicas em fotografar por não ter uma vivência prática com a fotografia, mas o Ripper deu algumas dicas importantes para este exercício e ficou satisfeita com o resultado final da prática. Ela ainda afirmar que “o que contribuiu muito para fotografar a Feira não foi a técnica em si, mas o olhar, o direcionamento, a questão da sensibilidade de olhar e humanizar a foto, o espaço, contar histórias através da fotografia. Não é simplesmente uma técnica de tirar fotos, é uma história, é construir uma identidade”.